Com Peter Brötzmann e Wadada Leo Smith, SP tem julho dedicado ao free jazz

Mostra SESC de Artes traz ainda artistas como Glenn Branca, Gary Bartz e John Butcher & Eddie Prévost

POR STEFANIE GASPAR
publicado em 27.06.2012 11:42  | última atualização 27.06.2012 20:44

Wadada Leo Smith POR Divulgação

Julho ainda nem começou, mas promete ser um mês intenso os fãs paulistanos de jazz. A Mostra SESC de Artes 2012 reúne em São Paulo apresentações variadas de artistas importantíssimos no cenário do free jazz, muitos deles responsáveis por moldar a linguagem musical do estilo e transformá-lo a partir de pensamentos contemporâneos.

A maratona musical começa com a apresentação de Gary Bartz, saxofonista e clarinetista que tocou com Miles Davis no início dos anos 70, além de ter colaborado com Charles Mingus, Max Roach e Jackie McLean. Também nos anos 70, Bartz formou o Ntu Troop, que reunia elementos de soul, funk, bop e jazz de vanguarda, criando uma fusão única de diversas sonoridades da música negra. Em 2010, o músico se apresentou no Brasil ao lado de mcCoy Tyner, e agora chega a São Paulo com Barney McAll, Greg Bandy e James King, que participaram da gravação de seu álbum mais recente, Coltrane Rules: Tao Music Warrior. Bartz faz duas apresentações no SESC Consolação nos dias 21 e 22.



Outro destaque da programação do SESC é o saxofonista alemão Peter Brötzmann, que retorna ao Brasil após quatro anos com um novo trio, formado ao lado baixista britânico John Edwards e do baterista Steve Noble. Considerado um dos expoentes do free jazz mais importantes da cultura europeia, o alemão começou sua carreira como clarinetista, passando logo em seguida para o saxofone por meio da influência de artistas de vanguarda como John Cage e Stockhausen. Embora tenha pensado em seguir carreira nas artes plásticas (o artista chegou a se envolver com o movimento Fluxus), Brötzmann voltou suas atenções para o experimentalismo e a improvisação vanguardista no terreno musical, trabalhando com artistas como Cecil Taylor e Steve Lacy. Entre seus trabalhos mais importantes estão discos como Machine Gun, de 1968, e Nipples, de 69, ambos gravados ao lado do baterista Han Bennink. O músico se apresenta nos dias 27, 28 e 29 no SESC Belenzinho.



Também nos dias 27, 28 e 29 rolam as apresentações de Wadada Leo Smith, trompetista e compositor e um dos pricipais nomes do free jazz e da improvisação de vanguarda. Em 1998, ao lado do guitarrista Henry Kaiser, Smith lançou Yo, Miles!, tributo ao período elétrico da carreira do músico nos anos 70. Logo em seguida, lançou Sky Garden (2004) e Upriver (2005), e em seguida trabalhou com inúmeros músicos diferentes em outros trabalhos. Smith chega ao Brasil com o repertório do ambicioso Ten Freedom Summers, lançado em 2012 e que se divide em 19 “peças”, distribuídas em quatro CDS, que totalizam mais de quatro horas de música e sintetizam cerca de 34 anos de pesquisa e trabalho. O álbum oferece uma meditação musical sobre o período pela luta dos direitos civis nos EUA de 1954 até 1964, e conta a história das dualidades da identidade étnica dos americanos até conflitos atuais como o 11 de setembro. Nos shows em São Paulo, cada um dos capítulos do álbum será tocado em um dia diferente.



Nos dias 24 e 25 é a vez do Glenn Branca Ensemble. O músico é um compositor e guitarrista ligado ao movimento vanguardista americano, conhecido por suas experimentações sônicas com elementos como volume, repetições, afinação e harmonia. Embora continue compondo e pensando suas intervenções musicais a partir do uso da guitarra elétrica, Branca começou a compor a partir de 2011 cada vez mais para orquestras, criando experimentações a partir da dissonância e harmonia entre muitos instrumentos simultâneos. O músico é considerado uma influência forte para vários músicos do rock mais experimental estadunidense: Thurston Moore e Lee Ranaldo, do Sonic Youth, Michael Gira, do Swans, e Page Hamilton, do Helmet, já passaram por sua banda nos anos 80. Os shows de Branca acontecerão ao lado de um sexteto formado por baixo, bateria e quatro guitarras.



Por fim, o duo britânico John Butcher e Eddie Prévost fecha a maratona jazzística com um show no Centro Cultural São Paulo no dia 28. John Butcher é um saxofonista que começou sua carreira (o artista era PhD em física antes de resolver deixar a ciência de lado) como um músico de jazz tradicional, logo em seguida se interessando por meandros mais experimentais e vanguardistas do estilo. Butcher trabalhou com Elton Dean, Jon Corbett, Chris Burn, Phil Durrant e John Russel, Phil Minton, John Edwards, Simon Fell e Dylan van der Schyff, e lançou peças que vão de composições clássicas para saxofone até experimentações radicais com acústica e melodia. Já Eddie Prévost é um percussionista de grande influência não só na cena do free jazz como no cenário da improvisação livre, sendo um dos co-fundadores do AMM, grupo seminal de música experimental criado em 1965 e pelo qual passaram nomes como Prévost, John Tilbury, Keith Rowe, Lou Gare, lawrence Sheaff, Christopher Hobbs e o compositor contemporâneo Cornelius Cardew.



Gary Bartz
Quando . 21/7 (sáb) às 21h; 22/7 (dom), às 18h
Onde . Sesc Consolação - Rua Dr Vila Nova, 245
Quanto . R$ 24 (inteira)

Peter Brötzmann Trio
Quando . 27, 28/7 (sex e sáb) às 21h; 29/7 (dom), às 18h
Onde . Sesc Belezinho - Rua Padre Adelino, 1.000
Quanto . R$ 32 (inteira)

Wadada Leo Smith
Quando . 27, 28/7 (sex e sáb) às 21h; 29/7 (dom), às 18h
Onde . Sesc Vila Mariana - Rua Pelotas, 141
Quanto . R$ 24 (inteira)

Gleen Branca Ensemble
Quando . 24 e 25/7 (ter e quar), às 21h
Onde . Sesc Belezinho - Rua Padre Adelino, 1.000
Quanto . R$ 24 (inteira)

John Butcher e Eddie Prévost
Quando . 28/7 (sáb), às 20h
Onde . Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000
Quanto . grátis
 

tags:
 Peter Brötzmann Trio, Wadada Leo Smith, Gleen Branca Ensemble, Eddie Prévost, mostra sesc de artes, free jazz

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