Bienal Graffiti Fine Art estreia no MuBE nesta terça, veja a montagem da expo

Nova edição do evento em São Paulo traz 50 artistas de 13 países diferentes. Soma conversou com o curador Binho Ribeiro, confira

POR AMAURI STAMBOROSKI JR.
publicado em 18.01.2013 14:47  | última atualização 18.01.2013 17:38

Montagem da 2ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art POR Fernando Martins Ferreira

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Nesta terça-feira (22), estreia a segunda edição da Bienal Graffiti Fine Art no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo. Reunindo mais de 50 artistas de 13 países diferentes – incluindo 34 nomes nacionais, de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal.

A exposição, que segue até o dia 17 de fevereiro, traz nomes já conhecidos da street art nacional, como Speto, Nunca, Fefe Talavera, Daniel Melin e Minhau, além de gringos como Daze (EUA), Kress (Japão), Kar (Holanda) e ECB (Alemanha). Confira aqui a lista completa de artistas participantes.

Além de um gigantesco mural assinado por dezenas de artistas no interior do grande salão do museu, a Bienal também ocupa os espaços abertos do MuBE e traz telas, esculturas e instalações. A Soma acompanhou o início das atividades durante um live painting aberto para a imprensa e conversou sobre a segunda edição do evento com Binho Ribeiro, curador da Bienal. Confira acima as imagens da montagem e leia abaixo a entrevista.


E dá-lhe spray                                                                      Foto: Fernando Martins Ferreira

Eu estava ouvindo algumas entrevistas e conversas com a imprensa, e ainda rola muito um papo de “apresentar o graffiti ao público”. Por outro lado, essa já é a segunda edição da Bienal – além de apresentar o graffiti, como a Bienal responde sobre a evolução dessa arte?

A evolução aqui não é só do artista, não só da arte em si, mas de todo um conjunto. Desde a equipe de produção, o formato expositivo, a iluminação, o respaldo que a gente tem da mídia, como lidar com tudo isso. O amadurecimento que a gente tem vai além dessas peças que a gente está fotografando – antes dessa fotografia a gente tem diversas experiências que nos trouxeram até aqui.

Quando você faz o mapeamento de 50 artistas diferentes para trazer para um espaço como esse, como você procura o equilíbrio para manter a diversidade que a gente encontra até na rua, dentro do graffiti?

A gente tem uma gama muito grande de artistas atuando hoje. É difícil você selecionar quem participa, pode ser que uma pessoa de quem você gosta do trabalho não participe. Eu tento fazer aqui uma composição, e para mim isso é um desafio. Eu respeito as culturas que eu considero originais e verdadeiras e eu respeito também a forma que o universo da ilustração, do design, incorporou o graffiti. Algumas pessoas conheceram o graffiti através do design e da street art, e não percebem que só existe essa street art valorizada hoje porque muita gente já foi presa fazendo letra na rua, fazendo “bomb”, muita gente construiu essa oportunidade para chegar até aqui. Pra mim é um privilégio muito grande convidar artistas como o Daze, de Nova York, que teve essa origem e também tem um trabalho autoral de telas, mas ainda pinta na rua. Ele vai terminar a obra dele aqui no MuBE e vai ficar louco pra ir para a rua pintar. A gente tem isso vivo. E a minha preocupação maior é ter um desprendimento com o mercado, se o artista vende caro ou não. Eu conheço as pessoas, conheço a carreira delas, valorizo todas as conquistas, mas isso não é o critério mais importante pra mim para o artista participar.


O curador Binho Ribeiro                                                 Foto: Fernando Martins Ferreira

Uma coisa interessante na Bienal do Graffiti é que não existe um foco tão grande na obra que pode ser comercializada. Tudo que está sendo feito nessas paredes acaba apagado. Qual é o destino das obras produzidas para a Bienal?

O destino é complicado. O ideal para algumas obras é que elas sejam apagadas após a exposição. Outras obras também tenham uma sobrevida, mas a gente não tem isso como uma preocupação nossa no momento. Haverão telas também, haverão obras feitas em ateliês que virão para cá. Os artistas que vão fazer isso também fazem trabalhos na rua nos seus países de origem, nas suas cidades, mas eles optaram por fazer desse modo porque eles não tem tempo hábil para estar aqui neste momento. Essa foi uma solução encontrada, e também é uma preocupação conceitual da Bienal mostrar toda a diversidade que nós temos. Por isso vamos ter instalações, esculturas, 3D, realismo, abstrato, as letras – que são a origem do graffiti. Você vai ver letras que você vai perceber que não vê nas ruas de São Paulo, como as do Kar, de Amsterdã, que têm uma característica de um formato europeu.

Foi ampliado o espaço no MuBE para essa nova edição?

É similar o que tivemos na edição anterior. Nós tivemos também o grande salão, mas nós tivemos um volume de obras maior e um volume de espaço menor. Os murais era um pouco menores, os murais externos eram diferentes. Por isso foi bom o amadurecimento, diminuímos um pouco o número de artistas.

Aqui dentro do salão vai ter um mural contínuo, é isso?

É, um grande mural, sem divisões, uma espécie de “hall of fame”, um “mix of styles”, que gira pelo salão.

Na edição passada havia um mural na entrada do salão que fazia uma conexão com o pixo. Vocês pretendem trazer alguma conexão com esse tipo de linguagem novamente?

Esse mural não fazia parte do projeto GFA – Graffiti Fine Art. Minha preocupação não é com a arte que está na rua no sentido transgressor e no sentido agressivo. Eu tento buscar aquilo que os artistas estão produzindo no universo de arte contemporânea – mas que seja graffiti. Por isso nós não temos representantes de bomb, não temos representantes do pixo. Não é porque eu não admire a vivência deles, é porque o projeto conceitual que eu trabalho foca nessa parte do graffiti. A gente até tem letras esse ano, que vem do pixo ou do tag style, mas chega um momento em que ela não é mais um tag, é uma obra abstrata. E é nesse ponto em que as letras são representadas. Você vai ver na Bienal elementos que aparecem nas ruas, similares, mas existe um trabalho, uma pesquisa, artistas que têm uma preocupação para além do rolê, uma preocupação profissional para este universo.

A gente vai ter obras que vão sair do espaço do MuBE nesta edição da Bienal?


Sim, a gente vai ter uma ação numa estação da CPTM, não lembro exatamente qual, será um bunker praticamente, que vai ser inteira tomada por essa cultura. E também vamos ter uma ação na estação Brás da CPTM no dia do aniversário de São Paulo (25 de janeiro).

2ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art
Onde . MuBE - Avenida Europa, 218 - Pinheiros - São Paulo - SP
Quando . 22 de janeiro a 17 de fevereiro
Horário de visitação . terça a domingo das 10h às 19h
Quanto . Só colar
Info . www.mube.art.br

tags:
 mube, Bienal Internacional Graffiti Fine Art

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