Já volto . Redson POR Divulgação
Nesta quinta-feira (27) faz um ano que Redson Pozzi morreu. Um dos mais importantes nomes do punk brasileiro, o líder, guitarrista e vocalista do Cólera deixou aos 49 anos pelo menos três gerações de fãs órfãos. Com uma influência que ia muito além da própria música, Redson inspirou o surgimento de inúmeras bandas e artistas, sempre colecionando novos amigos e com uma integridade política, pessoal e musical invejável.
Para celebrar a vida de Redson nesse primeiro ano da sua ausência, acontece neste sábado (29) no Hangar 110, em São Paulo, um show em homenagem ao cantor, com o Cólera, Agrotóxico e MMDC. Além disso rola na festa a estreia do documentário Que Esse Grito Não Seja Em Vão, filme tributo realizado pelo 3FilmGroup.tv e dirigido por Raphael Erichsen e Tiago Berbare. Abaixo você pode conferir o trailer do doc e ler uma entrevista com os diretores. E na sexta tem mais Redson aqui na Soma.
Quando caiu a ficha de que vocês deveriam fazer um doc sobre o Redson? Foi logo após a morte dele?
Raphael: Um mês depois da morte dele rolou um show tributo ao Redson com um monte de gente que fez parte da história do Cólera – gente como Antônio Bivar, Clemente do Inocentes, o Gordo e o Jão do Ratos, o pessoal do 365, Nenê Altro... Chamaram a gente pra filmar esse show. A gente achou que melhor do que filmar o show era registrar aquele sentimento que tava rolando com todo mundo ali. Foi mais uma nescessidade de capturar aquele momento em que tava todo mundo ainda meio assustado e acho que o doc transmite isso.
Qual é a relação pessoal de vocês com a música do Cólera? Ela foi importante em algum momento da sua vida?
Raphael: Eu fui no primeiro show do Cólera quando eu tinha 15 anos e a banda tava fazendo 15 anos – isso faz quase 20 anos. Aquele show mudou minha vida dali em diante.
O que vocês não sabiam sobre o Redson e descobriram fazendo esse doc?
Raphael: O que eu sabia sobre a personalidade do Redson era o ele falava do palco ou de entrevistas. Tinha muita mensagem ali. O que a gente descubriu foi a coisa mais íntima de como ele era como pessoa. Ir na casa que ele morava. De certa maneira foi entrar na vida dele.
Tiago: Eu não conhecia muito do Redson como pessoa e depois que decidimos fazer esse filme e acompanhar mais de perto sua vida, virei fã absoluto. Quando entramos na casa dele, já com a câmera na mão, eu senti um sentimento muito forte, uma energia boa, íntima. Ficamos umas 3 horas la conversando com o Pierre, baterista do Cólera e irmão do Redson e o Val, baixista e membro fundador da banda. Enquanto o papo rolava eles iam explorando os arquivos de mais de 20 anos do Cólera, posters, fotos, discos. Conhecer o Redson e mais do Cólera assim foi uma experiência surreal pra mim. Ele era um passo a frente de todo mundo. Tratava de temas como o da Ambientalismo nos anos 80 enquanto ninguém falava disso. Sempre tinha uma mensagem de esperança! Depois de tudo isso descobri que o cara foi muito importante para música brasileira em geral!
De onde partiu a pesquisa para o doc? Como vocês decidiram quem entrevistar?
Raphael: Foi essa coisa de urgência mesmo. A gente pegou quem tava lá naquele momento e daquela maneira. Era pra ser uma polaroid daquele instante por isso não fomos atrás de outras pessoas ou outras entrevistas. Não acho também que esse seja um doc definitivo da história do Redson. Acho que ainda existe espaço pra um "The Future is unwriten" dele. Algo que capte toda a história dele e do Cólera. Esse filme é sobre esse momento. A gente queria fazer um filme com cara de épico como eu acho que eram os shows do Cólera, só isso.
Tiago: A pesquisa na parte de pós produção foi feita na medida em que o filme foi tomando corpo. Depois que gravamos as entrevistas no Hangar e as cenas na casa do Redson a gente foi atrás de material de arquivo dos shows do Cólera e também de cenas do Redson atuando dentro e fora dos palcos. Eu me surpreendi com o tanto de material que encontramos e isso enriqueceu bastante nosso filme. A sintonia foi forte na hora em que casamos o passado, o quase atual e o futuro carregado com esse sentimento de perda.
Quanto tempo demorou para captar, editar e finalizar o doc? Qual é a duração da peça final? Ele deve entrar em circuito ou ganhar algum tipo de lançamento (online, DVD, etc)?
Raphael: Um ano exato. O filme tem 30 minutos e deve ser lançado em DVD junto com esse show com a participação de todas essas pessoas. É uma homenagem mesmo. A gente quer promover também screenings por todo país – do it yourself mesmo. Então quem quiser fazer um lançamento na sua cidade, na sua cena, no cinema local ou até na sua casa, a gente manda o filme. A ideia é espalhar as ideias do Redson por aí.
Um ano sem Redson on Hangar 100
Quando . sábado (29), às 19h
Onde . Hangar 110 . Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro – São Paulo / SP
Quanto . de R$ 15 a R$ 20
Infos . www.hangar110.com.br