Cólera . Pela Paz Em Todo Mundo POR Reprodução
Ninguém que gosta de Cólera é um mero fã. Ouvir e ser inspirado pelo trabalho de Redson Pozzi é uma experiência que definitivamente muda vidas. O legado do Cólera vai além dos três acordes e do faça-você-mesmo: é um legado de integridade, visão crítica e fraternidade, tudo ao mesmo tempo. É querer e saber que é possível mudar o mundo agindo diretamente nele, e que juntos podemos construir algo melhor. É se perguntar constantemente “quanto vale a liberdade?”, “qual violência é pior?” e lembrar-se que quando você era adolescente, Redson te falava: "eles dizem que você é doente e que isso é fase adolescente, mas não, não vá se entregar". É nunca baixar a cabeça para as adversidades ou para o autoritarismo.
Um ano sem Redson se provou um ano difícil, estranho, vazio. A lacuna deixada por ele dificilmente vai ser preenchida – mas tudo certo, ele merece estar ali, presente em sua ausência, sempre lembrado como exemplo de que vale a pena ter fé naquilo que nos faz humanos. Nós da Soma resolvemos dar uma pequena contribuição para que esse legado seja lembrado compilando alguns dos vídeos mais importantes da história de Redson e do Cólera. Assista, pense, saia pogando pela sala. Mas, especialmente, junte-se a nós nesse esforço em fazer com que o grito de Redson não seja em vão.
Botinada – Cólera no Olimpop: Esse vídeo apareceu como extra, no final do documentário Botinada, produzido por Gastão Moreira. A parada é tão punk que no começo sai do ar. É um dos vídeos mais clássicos do Cólera, numa qualidade agradável e com direito à faixa "E.S.S.M. (Ela Só Sabia Matar)".
"Subúrbio Geral" + "Sub Ratos" ao vivo no Fábrica do Som: sons gravados ao vivo no extinto programa Fábrica do Som, da Tv Cultura, em 1983. Redson dá discursos, canta as faixas e anima um monte de punk novo (que hoje são velhos e reclamam). ‘A de Anarquia para todos aqui, dos punks aos burgueses’, manda Redson.
"Até Quando Esperar" (Plebe Rude) / "Humanidade": em outro extinto programa da TV Cultura (não é que ela já foi boa?), o Boca Livre, a banda Cólera fez uma homenagem ao Plebe Rude, cantando "Até Quando Esperar" e na sequência, "Humanidade". O mais legal é o moicano do Redson, pique Suburbia.
"Dia E Noite, Noite E Dia": Esse vídeo é um dos mais emocionantes do Cólera. Em 2001, eles lançaram uma nova faixa num show e o público, formado desde os manos do hardcore bermudinha e boné aos punks 77, todos unidos, cantando prensados, numa espécie de grito de libertação. Obrigado a quem registrou isso.
"Tv" / "Não Fome" / "Natal": Novamente no programa Boca Livre da TV Cultura, o Redson toca três músicas, ‘TV’, ‘Não Fome’ e ‘Natal’. O mais legal é o Redson num estilo Daniel San, faixa na cabeça, mas com uma peita da banda.
Uma aula de Punk Rock em Belém: Lucas Monteiro resolveu gravar um curta-documentário sobre primeira ida da banda a Belém em 2011, com depoimentos, imagens de bandas que tocaram antes do grupo e claro, trechos da apresentação do Cólera. Um dos pontos altos do vídeo é quando Redson tá dando uma espécie de palestra e perguntam pra ele sobre os nazis e White Powers, e ele manda: “Eu acho que quando o cara tem pau pequeno, precisa ter o braço grande. Isso é necessidade de afirmação”.
Último show com Sociedade Sem Hino: esse foi o último show de Redson, no dia 24/9/2011, três dias antes de sua morte, tocando no colégio Viver e fazendo um cover de "Capital Radio", do The Clash. Não poderíamos deixar de publicar o vídeo, apesar da tristeza de saber que ele se foi pouco depois disso.
"Qual Violência" (no Casamento Juca e Carol) – Por incrível que pareça, num casamento em Londrina, chamaram o Cólera para tocar e tem lá, numa festa tradicionalmente cristã, uma pá de punk, novos e velhos, cantando ao lado de Redson: “Qual violência é pior? Qual violência é pior?”. Esse foi um dos últimos show do Cólera com seu vocalista ainda vivo.
"Deixe a Terra em Paz": eu nem sabia que existia um clipe do Cólera na internet, mas achei esse aqui, gravado no Hangar em 2004, da música "Deixe a Terra em Paz", e o que pode-se notar é que apesar de quase 30 anos de banda (na época), as letras, e a postura do Cólera não mudou em nada. Se tem um cara e uma banda que não traiu o movimento punk foi o Cólera.
"Medo" – Mixto Quente: esse foi um festival da Rede Globo que tinha o Blitz como headliner e provavelmente muita gente que estava ali, como o motorista que aparece no fim do vídeo, não sabia quem era o Cólera, mas ver uma banda punk fazendo um show para milhares de pessoa espremidas é algo louvável.
Teatro Lira Paulistana – "Quanto Vale a Liberdade?": o show do Teatro Lira Paulistana em 1985 rendeu um dos registros mais raros e cultuados do punk rock nacional: o famoso split Cólera e Ratos de Porão, que saiu em edição de vinil, verde meio transparente, coisa linda. Entre trechos de música e entrevistas, um vídeo essencial nessa lista.
O Começo do Fim do Mundo: o primeiro grande festival punk, organizado em 1982, no SESC Pompeia. Um dos mais raros e importantes vídeos de toda a cena nacional. A imagem não é das melhores, mas o áudio (mantenham a cabeça em 1982), está do bom.
Três Acordes de Cólera: outro documentário sobre a banda, com 28 minutos de duração, exibidos pela TV PUC, que conta a trajetória dos caras, além de depoimentos de uns chapas, como João Gordo.
"Dia e Noite", "Pela Paz" e "Medo" (Musikaos): um dos melhores programas da TV Cultura na geração 90-00, três músicas, um monte de punk se batendo e todo mundo cantando. As apresentações do Cólera eram uma sessão de exorcismo para todos, se você estiver num stress, tente ver um vídeo, arrastar os móveis e se jogar com a parede, forjando um bate-cabeça autista.
Verdurada: vegans, straight-edges, hardcore bermudinha, mas o Cólera estava lá, no dia 5/6/2011, tocando Pela Paz em Todo Mundo e Histeria. Esse vídeo reforça a ideia da banda não ter largado suas raízes e continuar punk, por toda a existência (30 anos).
No dia 15/11/11 o Hangar homenageou Redson num show com várias bandas e a Rena Lacerda filmou tudo e dividiu em 11 partes no Youtube. e siga as outras partes no canal da moça.