Entrevista: Brendan Canning, do Broken Social Scene

Em um giro por Seattle, a Soma falou com um dos gênios criativos por trás da maior banda itinerante do indie rock

POR HELENA SASSERON   COLABORAÇÃO DE AMAURI STAMBOROSKI JR.
publicado em 20.01.2012 15:02  | última atualização 25.01.2012 12:44

Broken Social Scene POR D Gillespie

Com uma lista de integrantes que pode chegar a 25 pessoas – incluindo membros de algumas das principais bandas do indie canadense, como Metric, Stars, Do Make Say Think e a cantora Feist –, o Broken Social Scene poderia reivindicar com folga o título de “maior projeto paralelo de todos os tempos”. Apesar da fama de “supergrupo”, o BSS gira em torno dos seus dois fundadores, Brendan Canning e Kevin Drew. Na verdade, dificilmente mais do que nove pessoas estão envolvidas ao mesmo tempo no trabalho da banda, e as composições, em sua maioria, ficam a cargo dos líderes. Depois de lançar um dos discos de indie rock mais celebrados de 2010, Forgiveness Rock Record, o grupo chegou a ser convidado para se apresentar no Brasil em abril deste ano, mas acabou recusando a oferta – “infelizmente não tocaremos no país em 2011, mas quem sabe em 2012”, explicou Canning em seu perfil no Facebook.
Durante uma rápida passagem por Seattle, no final do ano passado, nossa colaboradora e chick-in-charge Helena Sasseron foi conferir um show do grupo e levou uma ideia com Canning. Durante a passagem de som, ele falou sobre como organizar tantas pessoas para tocar e compor, gravar com John McEntire (Tortoise, Sea and Cake) e sobre as diferentes personalidades da banda.



O Broken Social Scene tem muitos membros e convidados, que também estão em outros projetos ou projetos solo. Como vocês se organizam na hora de gravar e sair em turnê?

Nós temos uma banda principal com quem viajamos. Hoje somos nove pessoas no palco, mas, quando precisamos, contratamos outros músicos para tocar com a gente, saxofonista, percussionista etc. Nessa turnê o Jimmy [Shaw], do Metric, resolveu vir tocar em alguns shows... E assim a turnê vai se configurando... A Feist vai tocar com a gente no México... A gente vai selecionando e a turnê acontece!

E para colocar todo mundo em estúdio...
A gente não entra todo mundo em estúdio ao mesmo tempo, gravamos parte por parte...

Mas vocês não compõem juntos?
Sim, alguns de nós, mas não oito pessoas tentando compor uma música... Diferentes formações da banda compõem cada música.

Como vocês encontram e escolhem os artistas convidados para gravar?
Temos algumas ideias e pensamos em alguém que se encaixe com elas, ou então um de nós escolhe de fato uma pessoa para tocar em determinada música. Por exemplo, tem o Doug McComb, do Tortoise, que assobia em uma das músicas do disco, o Eric [Claridge], do The Sea and Cake, toca baixo nessa mesma música, mesmo a gente tendo cinco baixistas na banda...

E essas participações simplesmente acontecem, não são super planejadas e tal...
Sim, nós convidamos as pessoas a participar ou então tocamos parte de uma música para alguém e a pessoa de repente tem uma boa ideia para ela...

E o mesmo aconteceu com o Sam Prekop, que canta em uma faixa do disco?
Sim. Nós gravamos o disco com o John McEntire, que é o líder do Sea and Cake, e o Sam aparecia de vez em quando no estúdio e saíamos para jantar... A música já estava escrita, e o Kevin [Drew] queria que o Sam cantasse nela, e aí rolou.

E como foi gravar o disco com o John McEntire?
Foi ótimo, ele é legal... E começamos uma relação com ele... Ele teve a habilidade de nos deixar livres no estúdio, como sempre gostamos de estar, nos deu várias salas e espaço suficiente para tentarmos diferentes ideias, que pareciam não ter sentido no começo, mas no final poderiam ser peças que estavam faltando no quebra-cabeça. Ele foi incrível nisso, nos deixou muito à vontade.

De onde veio a ideia dos discos “solo”?
Acho que foi uma necessidade de ter alguém que pudesse dizer “ok, dessa forma está bom!”. Eu e o Kevin [Drew] não tocamos em nenhuma outra banda, então foi um trabalho somente entre ele, o Justin [Peroff] e eu. Nenhum de nós três tinha discos próprios.



Do que você mais gosta no BSS?
Acho que das várias personalidades... E do fato de o show ser diferente em relação ao álbum. O disco pode soar sério, mas acho que o show não chega nem perto dessa seriedade – é uma celebração, vai por um caminho diferente.

Que bandas você está ouvindo agora?
Eu compro bastante coisa de bandas antigas, mas gosto das novas também... Comprei o disco da Budos Band outro dia; gosto do Michael Leonheart and The Avramina 7, que foi lançado pelo selo Truth & Soul, que faz um som meio estranho, funkeado, gosto bastante. Tem também o Atlas Sound, projeto solo do cara do Deerhunter.

Quando vocês tocam em festivais, você tenta ver as outras bandas e conhecer novos artistas?
Sim! [Em 2010] vi uma banda da qual gosto muito, Here We Go Magic – eles são na verdade uma das bandas novas favoritas. Tocamos juntos em alguns festivais. Eu vi o Cypress Hill, foi divertido... Pavement também – tocamos em alguns festivais juntos esse ano, então os vi tocando algumas vezes. Acho que vi bastante coisa... Nem consigo me lembrar direito... Ah! Sim! Vi The Specials! Foi bem legal. E aquele cara árabe, Omar Souleyman.

Saiba mais:
brokensocialscene.ca

tags:
 broken social scene, Kevin Drew, Feist, BSS, Brendan Canning, Metric, Stars, Do Make Say Think

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