Austin Peralta . Juventude cósmica

Pianista e filho do skatista Stacy Peralta se apresenta no Brasil e fala à Soma sobre infância de prodígio, amizade com Fly-Lo e outras viagens

POR DANIEL TAMENPI
publicado em 12.09.2012 14:57  | última atualização 12.09.2012 16:18

Austin Peralta POR Divulgação

Além de DJ internacional, jornalista fera e parceiro de todas as horas da Soma, o carioca Daniel Tamenpi tem se saído bem em outra seara musical: a de produtor de shows. Depois de trazer a Budos Band para tocar no SESC em São Paulo, agora é a vez do “pimentinha” arrastar o pianista de jazz e filho da lenda do skate Stacey Peralta, Austin Peralta, para tocar do lado de cá da linha do Equador.

O show, que rola nesta quinta-feira (13) no Cine Joia, faz parte das comemorações de seis anos do Só Pedrada Musical, site criado e tocado por Tamenpi que hoje conta com desdobramentos como festas e projetos fashion. Além da Budos e do menino Peralta, Daniel trouxe também em 2012 artistas como DJ Revolution (EUA), Chinese Man (França), Lefto (Bélgica) e Cosmo Baker (EUA) para sets em suas festas, e promete os estadunidenses B+ e Quantic em mais um DJ set no dia 28 de setembro no Estúdio Emme

Falando em projeto fashion, Tamenps manda avisar que neste ano ainda saem dois modelos novos, com tiragem limitada, de camisetas da marca Só Pedrada, assinados por dois FERAS das artes visuais brasileiras. A edição anterior, assinada por João Lelo e Vagner Donasc, já está esgotada, então é melhor ficar de olho.

Pois bem, mr. Tamenpi aproveitou que estava trazendo o garoto Peralta ao país e nos sugeriu fazer uma entrevista com o filho do homem. Como a gente sabe que ele manja mais a obra do pianista do que nós da redação da revista, concordamos em publicar o papo – mas já avisamos que o Daniel também é o responsável pela vinda do Austin.

E pra você não dizer que nunca se deu bem lendo o portal Soma, a gente vai sortear dois pares de ingressos para o show amanhã no Joia. Quer participar? Então siga as instruções no .  Para concorrer a promo é fácil: basta seguir o twitter da soma (@maissoma) e postar o seguinte link: . Apenas isso, simples como a vida. O Sorteie-me funciona com a api do Randon.org, então ele selecionará duas pessoas que compartilharam o link na rede social de modo aleatório. Lembrando que caso você seja o sorteado e não estiver seguindo a Soma, não ganhará nada.

E abaixo, com vocês, Austin Peralta.

Você começou a estudar música clássica aos cinco anos. Como começou esse envolvimento? E quando o jazz virou sua música preferida?


Eu ouvia uma sinfonia de Mozart no fim da aula todo dia quando estava no jardim de infância. Isso se enraizou tão fortemente na minha consciência que eu insisti para que meus pais comprassem CDs do Mozart pra mim. Eu comecei a brincar de reger uma orquestra invisível toda manhã, antes de eles acordarem. A próxima coisa que eu pedi foi um piano e um professor. Dali eu mergulhei na música clássica, tocando de tudo, como Chopin, Tchaikovsky, Beethoven, Debussy... Quanto eu tinha nove anos, um amigo me deu três CDs: The Awakening do Ahmad Jamal, as últimas sessões de Bill Evans na Vanguard, de 1980, e alguma coisa do Art Tatum. E foi isso. Eu ainda amo e toco os dois gêneros igualmente, não tenho preferências.



Em 2006 você lançou seus dois primeiros álbuns como líder de banda. Você estava em boa companhia, ao lado de nomes como Ron Carter (em Maiden Voyage) e Buster Williams (em Mantra). Como essas parcerias aconteceram?


Eu tive a sorte de um executivo da indústria musical do Japão ter ouvido uma espécie de demo que eu gravei com amigos meus quando eu era adolescente. Ele facilitou a gravação desses discos e a conexão com esses grandes músicos. Foi uma experiência inestimável de aprendizado que eu levarei por toda a minha vida.

Você só tinha 16 anos naquela época. Como foi estar ao lado de lendas do gênero para você, pessoalmente e profissionalmente?

Tudo pareceu perfeito. O respeito e a gentileza que eles tiveram comigo foram tão envolventes que eu me senti encorajado a explorar a minha arte e ser livre. Foi uma viagem libertadora, despretensiosa e louca.


Austin Peralta

Seu novo álbum, Endless Planets, saiu pelo selo Brainfeeder, do produtor Flying Lotus, conhecido por experimentar com música eletrônica e hip hop. O seu álbum também lida com diferentes instâncias experimentais. Como aconteceu essa união entre você, Flying Lotus e a Brainfeeder?

Eu gravei o álbum logo antes de me mudar para Nova York, quando entrei na universidade. A intenção do disco era refletir sobre o tempo em que vivi em Los Angeles quando adolescente e documentar as minhas composições mais antigas. Também é uma reflexão sobre o meu profundo amor pelo cosmos. Eu fui apresentado a Lotus pelo Strangeloop, um amigo em comum, e também por Thundercat, um velho amigo meu. Mostrei a Lotus o que eu tinha gravado e ele gostou quase imediatamente. O resto é história.



Endless Planets é composto de longas faixas, cheias de elementos cósmicos e diferentes climas. A capa e os títulos do disco e das faixas também mostram uma questão cósmica. Você se considera uma pessoa espiritual?


A música, para mim, é algo muito espiritual. Foi feita com amor e intenções puras. E depois de gravar o disco eu comecei a perceber essa conexão palpável entre os sons e a beleza visual do cosmo. Para mim todas as artes vêm de uma fonte superior, e nós meramente canalizamos o que está esperando para ser manifestado em diferentes iterações.

Como jazzista, o que você acha das loucuras que saem pela Brainfeeder?

Eu adoro a Brainfeeder e me sinto honrado em fazer parte do selo. Eu quero alimentar mentes (trocadinho com o nome do selo, “alimentador de mentes”, em inglês), é pra isso que eu estou aqui.



Você também trabalhou com Erykah Badu, Shafiq Husayn, Jaga Jazzist, Cinematic Orchestra e, mais recentemente, com Thundercat. Como essas experiências se refletiram na sua carreira?

Eu amo trabalhar com todos os tipos de música e com diferentes artistas. Eu não tenho limites. Além disso, minha carreira gira em torno da experimentação, de tentar coisas novas.

Não podemos deixar de mencionar que você é filho de uma das maiores lendas do skate, Stacy Peralta. Como o seu pai influenciou a sua relação com a música?

Meu pai sempre apoiou a minha música, desde o começo. Na verdade, quando eu me machuquei andando de skate quando eu era novo, ele me encorajou a parar com o skate para que eu não arriscasse as minhas mãos e minha habilidade de tocar piano. Até hoje nós surfamos juntos, e seguimos encorajando os projetos um do outro. Aliás, ele é um ótimo surfista.

Austin Peralta no Cine Joia
Quando . quinta-feira (13), a partir das 20h (show previsto para as 23h)
Onde . Cine Joia . Praça Carlos Gomes, 82 - São Paulo / SP
Quanto . entre R$ 40 e R$ 80
Infos . cinejoia.tv

tags:
 só pedrada musical, austin peralta, stacy peralta, endless planets

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