“A situação era muito tensa, porque você até podia entrar, mas não sabia como ia sair.” Repórter cinematográfico free-lancer e diretor de fotografia, o paulistano radicado em Londres Azul Serra partiu no final de fevereiro para a Tunísia, com o objetivo de acompanhar a situação na vizinha Líbia, que passava a protagonizar mais um capítulo das revoltas populares que varreram o mundo árabe em 2011. O que ele encontrou foi uma fronteira cheia de refugiados do conflito entre rebeldes e as tropas do presidente Muammar Kadhafi. Impedido de entrar na Líbia, Azul acabou voando para a fronteira do país com o Egito, região já controlada pelos rebeldes.
Em Benghazi e Ra’s Lanuf, testemunhou a “precariedade das forças militares”, palavras que usou para descrever os que lutavam contra o governo central com pouquíssimos recursos, incluindo armas antiaéreas montadas em picapes. De volta à Europa durante os bombardeios realizados pela Otan contra Kadhafi, o fotógrafo transformou as imagens registradas durante a viagem na exposição “Irreversível”, que já passou pela Inglaterra, República Tcheca e Itália e que deve chegar a São Paulo em agosto. As fotografias mostram os contrastes do conflito, entre os refugiados desesperados para entrar no território “livre” da Tunísia e o orgulho disfarçado dos rebeldes enfrentando o governo de seu próprio país.