Entre um ponto e outro no mapa há um túnel sem paisagem onde os expressos subterrâneos penetram a escuridão e aceleram o trajeto em detrimento da vista. Ali os caminhos são limitados por ferro e poucos são os iniciados nos segredos das bifurcações. Sobre as janelas desnecessárias, fantasmas postam mensagens em tipografias indecifráveis; desejo de provar por imagem um existir periférico.
Abaixo da terra, após vencer as catracas, o passageiro torna-se parte de um coletivo contingente e efêmero composto de pequenas solidões. Cumpre o itinerário solavanco, mergulho, mantra urbano entoado no autofalante, trepidação, claustrofobia, discurso monocórdio de lamentação e súplica, baldeação, vaivém, arribação e tudo de novo. Confia na possibilidade de emergir, de cruzar o umbral da estação ainda crente da existência do mundo, cidade e luz.
Etnógrafo em campo fértil, Luciano espia e observa o tempo suspenso da meditação involuntária. Deriva em um espaço ocupado por deslocamentos e transeuntes. Testemunha o cruzamento de olhares, o enlace superficial das existências, os vultos céleres no embarcadouro. Tece uma arqueologia dos assentos e dos pisos. Maneja um aparelho que permite levar-se por dúvidas e que obedece a uma intuição vagabunda.
Fernando Schmitt, professor, fotógrafo e pedestre quase sempre.
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