Melhores 2012 . Punk e Hardcore Nacional

Arthur Dantas seleciona as melhores pedradas da nova punkeragem brasileira no ano

POR ARTHUR DANTAS
publicado em 14.12.2012 14:50  | última atualização 17.12.2012 16:02

Punk e Hardcore POR Felipe Ribeiro / Equipe Soma

Nesta sexta (14) seguimos com as nossas listas especiais de melhores sons de 2012 – lembrando que semana que vem saem as aguardadas listas de álbuns. Hoje é a vez de Arthur Dantas, nosso eterno garoto punk, selecionar os melhores momentos do punk e do hardcore brasileiro em 2012.

Dantas foi editor da Soma e é nosso colaborador constante. Além disso, já trabalhou como editor de livros na Conrad Editora e também escreveu para a TV, com passagens pela MTV e pela Globosat. Mas talvez o principal motivo para o chamarmos para assinar essa lista seja o zine Velotrol, criado por Arthur nos anos 90, uma das mais importantes fontes de informação e debate sobre o punk no Brasil na época. Confira abaixo os cinco sons que vão te fazer querer dar mosh no sofá – ou, melhor ainda, vão te fazer querer ir num show dessas bandas para dar um mosh do palco mesmo.

Os Estudantes - “Pedras Portuguesas”



Os maiores, a melhor banda ao vivo, a mais visceral, o papo mais reto e febril da Zona Sul carioca. O punk elevado à qualidade de (anti)arte perigosa, inflamável. Qualificados como “Circle Jerks de Copacabana”, criam uma paisagem ficcional onde as pedras portuguesas das calçadas cariocas são instrumentos a serem enfiados na cabeça das pessoas, tudo pra chacoalhar a realidade “maravilhosa” tão atribuída ao cotidiano carioca e inverter essa visão numa “Omaha sangrenta”. As letras, a arte de suas capas e material de divulgação, as gravações, tudo reafirma uma distopia operante que cria a mais engenhosa (sub)versão do hedonismo carioca. Coisa de gente graúda, honrando a música de um DYS, Negative FX e Black Flag pré-Henry Rollins.

Cidade Cemitério - “Contra o Mundo”



“Sua ideia de resistência/ nada mais que egolatria/ sua enorme prepotência/ te faz agir como polícia/ Você contra o mundo/ mas o mundo nem sabe de você!” Abrir um disco com uma porrada desesperada e urgente que fala diretamente e sem massagem contra seu próprio público, a cena punk/hardcore, é de uma virulência suicida que colocaria um sorriso orgulhoso em um Dave Dictor, de um MDC. Um minuto e meio pro quarteto de Brasília fazer do punk uma ameaça real - nem que seja para o próprio punk.

Renegades of Punk - “Me Testa”



Dois minutos são mais do que suficientes para colocar o trio de Aracaju na linha de frente do punk nacional. Lançada no segundo semestre, é uma das faixas mais bonitas que escutei no ano, independente de gênero. E vale dizer que conseguir unir beleza e agressão sonora em partes iguais e que uma não anule o potencial da outra é um troço sempre interessante.

O Cúmplice – “Nosso Tempo É O Agora”



Se for pra “metalizar” o punk/hardcore, que seja pra deixá-lo mais feio e ultrajante. E ninguém grita uma letra esperançosa / ingênua como “Tudo o que fiz, foi muito pouco/ Nosso tempo é agora/ Na noite sem sono, no dia sem sol/ Corro sedento, quero mais e mais/ Única chance, antes que acabe” igual o Marcelo Fonseca, e te faz pensar “SUMEMO”! Vale também pela guitarra neurótica do Cauê Nascimento, um dos guitarristas mais subestimados do punk/hardcore.

Merda - “Índio Cocalero”



O Mozine tem esse talento pra fazer coisas que, se feitas por outro sujeito tosco igual ele, seriam risíveis. O cara desenvolveu um “dedo podre” ao longo dos anos tão único que qualquer coisa que tenha ele no meio (seja no Merda, n'Os Pedrero ou no Mukeka Di Rato), seja identificável o seu toque de autor. Quem mais faria um “libelo indígena” com direito a viagem musical alucinógena no meio da canção e soaria bem? Vila Velha ainda erguerá um busto pro garoto...

tags:
 somacast, os estudantes, Renegades of Punk, melhores 2012, Cidade Cemitério, O Cúmplice, Merda, Arthur Dantas, Velot Wamba

mais lidas

somacast




reviews

 

melhores soma

mais reviews