A carreira do Flow MC começou lá pelo meio dos anos 00, ao lado de trutas como Jay P, Marcello Gugu e Hadee (do Som Sujo). Conhecido por ser um dos fundadores da Batalha do Santa Cruz, que há quase sete anos rola religiosamente todo sábado a partir das 20h na estação de metrô Santa Cruz, na zona sul de São Paulo, Flow ganhou os holofotes definitivamente em 2011, com a mixtape Vileiro, que com sons como “Cilada” e “Quartinho Obscuro” (que ganhou clipe comparticipação de Emicida e Flora Matos) conquistou uma posição na lista de discos nacionais do ano da Soma.
2012 foi um ano de muitos corres para o vilão do Ipiranga, que lançou clipes, fez incontáveis shows e produziu sua segunda mixtape solo, SensaFLOWnal. Gravado ao lado de Léo Cunha no Casa 1, o disco inclui participações de nomes como Emicida, Rashid, Bitrinho e Gugu nas rimas e Sala 70, Laudz, DJ Caíque e Pifo Beats (além de KL Jay riscando um Racionais em “Muleke Problema”), entre outros feras.
Novo candidato à lista de melhores de 2012, SensaFLOWnal já está circulando nas rodas de batalha e shows por aí e também pode ser baixado aqui. Nós trocamos uma ideia por e-mail com o Flow pra saber como foi o trampo de criar uma nova mix.
A mix Vileiro foi um trampo gestado com tempo, tinha sons bem antigos inclusive. Foi a mais correria fazer a SensaFLOWnal ou você já tinha bastante coisa na manga?
Escrevi a faixa “Sonhos” em 2006, mas nunca havia gravado nem uma voz-guia, pra você ter noção. A minha parte de “Escolhas”, que tem o Emicida, também é bem antiga. Tenho um estoque legal de sons guardados, sempre aguardando o melhor momento, mas a maioria das faixas foram escritas no período de gravação.
Você chamou bem mais gente pra rimar do seu lado nessa mix. Como foi juntar essa galera toda? Faltou alguém que você queria ter participando?
Como essa mixtape tem um numero maior de sons, aumentei as participações também. Nada tão diferente da Vileiro, simplesmente chamei meus amigos pra fazer rap. Claro, confesso, tenho a sorte de conhecer esses monstrinhos de longa data. O que conheço há menos tempo é o Shaw, mas desde que nos falamos pela primeira vez rolou uma identificação monstra, de ambas as partes. Tanto que dá pra notar, é uma das faixas preferidas da rapaziada. Agradeço a todos que participaram.
Na época da Vileiro você me contou que os beatmakers te mandavam bases que achavam que tinham a ver contigo e que outros MCs não curtiam tanto – lances mais dirty south, bass. Como funcionou isso no SensaFLOWnal? Você chegou a “encomendar” beats?
Geralmente rola aquela fita: “Negão, escuta ai que esse beat é sua cara!” (risos). Sou grato a todos os beatmakers que participaram, é lindo ver o nível que o Brasil está no quesito beat.
Como foi trabalhar com o Léo Cunha no Casa 1? Foi importante poder contar com um estúdio profissional para gravar a mix?
Já estou acostumado a trabalhar com o Léo. A mixtape Mesclando Rimas, de 2006, foi gravada inteira no Casa 1, algumas faixas da Vileiro também. Sempre foi foda gravar no Casa 1, afinidade demais, deixo o Léo opinar, o Léo deixa eu opinar. É da hora que um é fã do trampo do outro. Foi sim importantíssimo ter acesso ao estúdio, o resultado me animou demais. “Qualidade” é a palavra pra definir .
Você fez uns clipes classe na mix anterior – e nesse disco, que sons vão virar clipe?
Ô, mas é claro que vai ter clipe, já estamos trampando para que isso aconteça. Mas ainda é segredo (risos).