Um dos organizadores da Batalha do Santa Cruz e membro da Afrika Kidz Crew, o Flow MC entrou no nosso top 20 de 2011 com a mixtape Vileiro. Relato viciante e balançante sobre a nova vida da quebrada, das piores ciladas da vida boêmia às maiores bagunças motorizadas madrugada adentro. Além disso a mix conta com “Quartinho Obscuro”, com aquele refrão grudento e gaguejado (“qua-qua-qua-quartinho obscuro”) onde Júlio César descrevia as condições precárias na qual voluntariamente dormia, como um bom adolescente revoltado. A track rola pela internet há alguns anos, mas só agora ganhou seu videoclipe, ultra-produzido com direito à participação especial de Emicida, Flora Matos e Drik Barbosa. O vídeo ganha lançamento oficial na festa que comemora seis anos da Batalha do Santa Cruz, que acontece no Hole Club neste sábado (22) – . Com o clipe de “Quartinho Obscuro” Flow aproveita para anunciar seu novo trampo, a mixtape SensaFLOWnal – se quiser saber como vai ser o novo disco, sobre as gravações, que já tem cinco episódios. Assista abaixo ao clipe e confira uma entrevista com o Flow rememorando seus tempos de quartinho obscuro.
O clipe "Quartinho Obscuro" vai encerrar os trabalhos da mix Vileiro? Quando chega a SensaFLOWnal?
Sim, encerra um ciclo, e que ciclo viu (risos)? A mixtape me fez aprender muito, ter um novo olhar sobre o trampo no rap. Agora amadurecido, mas sem perder as características de “vileiro”, SensaFLOWnal vem trazendo na prática todas as teorias que eram apenas sonhos. Em outubro está nas ruas, se deus quiser. Estamos trabalhando.
Por que o clipe demorou tanto a ser finalizado?
O clip demorou por conta de agenda, locação e tempo livre de todos envolvidos. E também sou do mês de agosto, né?. Signo de Virgem. Sou perfeccionista, e não menos do que o Léo Cunha, Jõao Paulo (Jay P) e Marcio Conrado, que são os pivôs do clipe.
Quem fez o roteiro e dirigiu? De onde surgiram as ideias?
Roteiro e direção ficaram por conta do meu amigo de longa data, João Paulo Galardinovic ou Jay P, que lançou a mixtape mesclando rimas junto comigo em 2006 e já me conhece bem - nossos gostos são bem parecidos e aprecio o trampo dele. Desde então confiei e deixei tudo por conta dele. Ele veio com a brisa do roteiro e eu já aceitei de cara. A produção executiva ficou por conta de Léo Cunha e Márcio Conrado e a direção de fotografia é de Vinícius Lima e Marco Lomiler. O assistente de direção foi o Filipe Luchessi, a produção de casting e locação foi da Izabel Porto e o eletricista foi Denner. É claro que sou agradecido a todos.
Já conseguiu juntar uma grana pra sair do seu "quartinho obscuro" ou ainda ouve a família reclamando?
O meu quarto hoje funciona como meu escritório, estoque de camisetas da Batalha do Santa Cruz, capas, midias, gravdores de CDs... É também onde fazemos nossas Twitcams e onde me reúno com a Afrika Kidz Crew (Marcello Gugu, Bitrinho, DJ Colorado e Izabel Porto). Durmo nele ainda, mas é raro. Agora eu fico na casa dela. (namorada & produtora). Digamos que tô no mundão, um dia aqui outro ali. Não sei se faço o estilo vileiro e subo as laje ou vou pra outro local. Não consigo ficar longe dos meus coroas, que estão realmente ficando velhinhos. Tenho um pai com deficiência e por ser o mais velho da família, a responsa agora é minha. Também não posso ficar longe do meu pessoal de Pirituba, vamos seguindo. Mas o tempo passou, hoje o rap é meu trabalho. Na época em que a musica foi escrita eu tava naquela transição de adolescente pra adulto, descoberta do rap, aí não tem mãe que aguenta, mas hoje entendem bem. Ás vezes tem intriga, mas nada fora do normal, meus pais são zica.
Você acha seu quartinho obscuro especialmente obscuro ou já trombou um brother com um dormitório em piores condições?
Já, claro. O do amigo Hadee, do SomSujo, era tenso, a tia Lúcia que o diga (risos). Mas é como eu disse, era época de transição, hoje os quartos obscuros viraram estúdios, escritórios. A maioria dos amigos trabalha com o rap hoje. Mas existem vários ainda, e com o rap atingindo mais pessoas, vão ter mais quartos obscuros com letras espalhadas no chão e toda aquela maloqueiragem.
Quem é mais rígido como progenitor, o Emicida ou a Flora Matos?
A mãe é mais brava. O pai é homem e me entende (risos).