Quando R.H. Volcano, álbum de estreia da cantora e artista plástica Laura Wrona se materializou aqui na redação da Soma, com aquela linda capa que só artistas plásticos tem a manha de fazer para seus próprios trabalhos, deu aquele estalo – a Laura poderia ser a nossa Joni Mitchell. Ou nossa Yoko Ono. Quem essa menina da renascença gostaria de ser?
E foi tentando descobrir quem com essas habilidades duplas que Laura admira é que pedimos a ela para listar seus cantores-artistas favoritos – um rol classe, que vai de Violeta Parra a Peter Brötzmann e de Patti Smith a Chelpa Ferro.
Ouça abaixo R.H. Volcano e encontre mais inspiração multimídia com os cantores-artistas escolhidos por Laura.
Björk
Demorei para gostar dela. Foi uma aproximação lenta, de quando se adentra um universo novo, aparentemente estranho ao seu. Pouco a pouco Björk foi ganhando a importância que hoje tem, entre as artistas que mais me inspiram e surpreendem. A maneira como ela trabalha música e imagem é tão orgânica que parecem indissociáveis: figurino, cenário, iluminação... É perfeita em criar um clima de imersão do espectador, coisa que para mim é de grande valor.
Laurie Anderson
Estive na exposição dela no CCBB, em 2010, e fiquei muito muito fã da poética de sua arte. A performance em que ela toca violino sobre um bloco de gelo, calçando patins é uma das coisas mais marcantes. Antes disso já havia visto um show no Sesc Pinheiros, em 2008, mas foi só a partir da exposição que me interessei realmente pelo trabalho.
Joni Mitchell
Assisti um DVD sobre o ela, que mostrava as pinturas e os shows. Uma vez li um livro chamado Zen e Arte da Manutenção de Motocicletas no qual há uma extensa reflexão filosófica sobre o conceito de "qualidade", muito interessante esse livro. Quando ouço/vejo o trabalho da Joni Mitchell não tenho a menor dúvida de que estou diante da qualidade mais natural e verdadeira que há. Não sei muito o que dizer. Acho incrível.
Taming The Tiger . Joni Mitchell
David Byrne
Adoro Talking Heads e o David Byrne é um cara que cria com todos os sentidos. As instalações site specific são muito boas! Nunca vi ao vivo, mas tenho muita vontade. Principalmente essa aqui:
Chelpa Ferro
Coletivo criado no Rio de Janeiro pelos artistas Luiz Zerbini, Sergio Mekler e Barrão, que mistura experimentação sonora e instalação. Fazem uma pesquisa de som e ruído super extensa e que tem um resultado plástico que me atrai. Vi um trabalho na 3ª Bienal do Mercosul, era um microfone que ia passando por cima de vasos de vidro, cada um com um nível de água, captando as modulações tonais. Adorei. Não tem nada a ver com a música que faço e devo admitir que prefiro as instalações às performances ao vivo. Mas me gusta mucho. Olha que genial:
Violeta Parra
Depois de ver o filme Violeta Vai Para o Céu é que soube da história das tapeçarias e da exposição da artista chilena no Louvre. Que história! Uma mulher muito forte.
El Hombre . Violeta Parra
Yoko Ono
Eu era muito fã dos Beatles quando adolescente e certa vez uma amiga, na ocasião do meu aniversário, me deu de presente um CD da Yoko Ono. Na época considerei aquilo uma ofensa! Naquele momento ela era para mim apenas o estopim do término da banda, crucificada pelo senso comum e por minha própria ignorância. Só depois de mais velha é que tive abertura pra compreender a artista completa que ela é. Tsc...
Uma Noite com Yoko Ono
Patti Smith
Como muita gente, foi depois do livro "Just Kids"lançado no ano passado, que me apaixonei de fato por ela. Já gostava antes, mas não com a empatia que o livro me despertou. Os desenhos dela são crus e profundos, assim como sua música. A crueza que embala o mistério. Coisa rara. Em 2011 fiz dois shows baseados nos repertórios de Patti Smith, Pj Harvey e Nico, no Le Petit Trou, bistrô que era do Edgar Scandurra. Para mergulhar mais ainda no universo dela vi o filme Dream of Life. Imperdível.
Peter Brötzmann
Não sabia da existência dele até ver um documentário sobre na mostra In-Edit, ano passado. Fui sem esperar nada e saí fascinada por esse cara, sem entender muito bem a razão, já que musicalmente não tinha afinidade alguma comigo. Mas saber sobre a produção dele, o lado de artista gráfico, as gravuras. Tudo isso me fez ter muita vontade de vê-lo ao vivo. Por sorte, no show que ele fez esse ano, eu estava trabalhando como fotógrafa temporária do SESC, e pude não só ver como também fotografar. Foi uma espécie de transe - e continuo sem entender o que tanto me atrai. Puro sentimento mesmo, não é coisa da razão. Me pegou por uma brecha que eu mesma desconhecia!
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