Sesper lança EP do projeto The Good Loop, ouça faixa

Projeto conta com três membros do Garage Fuzz e terá vinil e turnê gratuita em novembro e dezembro. Artista ainda assina nova garrafa do Passport Art Edition

POR AMAURI STAMBOROSKI JR.
publicado em 29.10.2012 14:00  | última atualização 30.10.2012 10:04

The Good Loop . Not For Sale EP POR Reprodução

Como a gente pode atestar na entrevista de capa da Soma 27, Sesper é um artista quase febril, sempre produzindo – e não só nas artes plásticas. Além de vocalista do há duas décadas, o santista também assina outros projetos paralelos, como o Vallejo Sunset, e estreia aqui na Soma o The Good Loop.

Inspirado em Pinback e Tommy Guerrero e em companhia dos colegas de Garage Fuzz Fernando Basseto (guitarra) e Fabrício de Souza (baixo), Sesper criou o projeto de música instrumental à distância, montando bases eletrônicas no computador e enviando aos colegas do Good Loop por e-mail.

Na Soma o trio lança uma faixa do primeiro – e talvez único – EP, Not For Sale. Além do mp3, o disco vai ganhar uma versão em vinil com tiragem limitada, que será distribuída como parte da ação de lançamento da Passport Art Edition, que tem Sesper assinando a arte. Junto com a garrafa e o EP limitado, o The Good Loop também vai fazer uma mini turnê pelo sul do país, com shows gratuitos entre novembro e dezembro em galerias de arte, de Porto Alegre a São Paulo, passando por Curitiba e Florianópolis.

Abaixo você pode ouvir e baixar "Meltdown", primeira track do The Good Loop, ler nosso papo com Sesper sobre o projeto e a garrafa e conferir as datas e locais da turnê.




Você que propôs a ideia de prensar esse EP em vinil?

Eu acho que a parte legal da parte da Passport é fazer eventos que tenham a ver com o cotidiano do artista. A gente tá sempre fazendo música, criando, e eu acho que isso que faz diferença hoje em dia – não existem “facetas diferentes”, é tudo o mesmo trabalho. Eu não gravo minhas músicas novas no áudio, é em vídeo mesmo, para ver o que eu estou tocando e lembrar depois, e se eu precisar um dia disso, eu sei que tem uma pasta “música”, dentro da pasta de vídeos, com um monte de coisa nova. O cérebro mudou com essas tecnologias novas. Em 1987 quando a gente montou a primeira banda, gravar mesmo uma demo era uma conquista. Esse projeto tem o Fabrício e o Fernando, do Garage Fuzz. Eu fiz umas batidas que não eram para ser necessariamente um projeto, elas estavam guardadas numa pasta. Mandei por e-mail pro Fabrício, em .wav, e eles foram trabalhando. A gente nem se encontrou para gravar isso (risos). A gente foi fazendo isso on-line, paralelo ao Garage, mas a química funcionou de cara, porque tem essas referências de Pinback, Tommy Guerrero, essas coisas que a gente curte e que não dá pra fazer com o Garage, porque o público exige um som mais porrada.

Como você decide que uma música que você começa experimentando vai virar um som que você vai lançar?

Eu já tinha essa ideia de fazer algo fora do Garage há algum tempo. Não para fazer shows, os shows que vamos fazer são esses da Passport mesmo e não sei se a gente vai continuar, no momento agora, fazendo o lance. Eu fiz a batida da música inteira e mandei pro Fabrício e pro Fernando. Eles fizeram algumas bases que não são o que a gente costuma fazer no Garage, gravaram e foram criando em cima, e agora eu acho que eles estão quebrando a cabeça para descobrir como vão tocar isso ao vivo (risos). Foi algo bem freestyle, tanto o lado A, “Meltdown”, quanto o lado B, “Frozen”, que é uma ideia da bebida mesmo.

Vocês vão tocar só esses dois sons nos shows?

Não, tem umas cinco ou seis músicas, que dá uma meia hora de show. Porque aí também ninguém fica jogando nada no palco, “saí daí, volta o som de pista” (risos).

Nessa versão do Passport Art Edition você usou serigrafia para imprimir sobre a garrafa. Você negociou isso, como foi o processo?


O formato em que a arte seria aplicada na garrafa veio já nas primeiras conversas, quando eles me explicaram que ela seria pintada, que tinha uma ideia de usar estêncil e era por isso que estavam me procurando. O que eu pedi foram as tonalidades: eu queria que a garrafa fosse fosca. O que eu pirei no começo era esse lance do estêncil, do silk screen. Em 2010 eu fiz alguns trabalhos com uma estética parecida com essa da serigrafia, então eu fui juntando essa estética dos prints – bastante retículo, duas cores. É o jeito que eu consigo pegar elementos das minhas colagens e adaptar à forma, mas sem ficar fora daquele contexto do punk e do skate. Eu comecei a fazer estêncil nos anos 90. A primeira vez que eu vi um estêncil na vida, e ele sendo aplicado, foi feito por um amigo nosso de Santos, Rubinho, que fazia um estêncil político. Eram coisas que ele pegava de referências de zines de squat. Então eu acho engraçado poder, numa garrafa, de uma empresa, utilizar essa linguagem e não ficar um Frankenstein.


Detalhe da arte da garrafa de Sesper para a Passport Art Edition

A garrafa tem um fundo fosco em verde e uma aplicação por cima com imagens mais definidas. Como você planejou o uso de cores em relação à identidade visual deles?

O Pantone deles é bem próximo ao que eu utilizo no meu trabalho. Eu não tive que adequar muito a ideia para o que a marca pediu. O que eu não costumo fazer é utilizar uma cor bem escura ao fundo. Meu trabalho sempre tem o fundo claro, para os elementos se destacarem, mas eu não duvido que ano que vem saia um trabalho meu com um fundo escuro, pode se transformar em uma influência pra mim.

Seu trabalho em colagem tem uma profusão muito grande de elementos, mas vejo pela garrafa e por esses silks novos que você está se tornando mais econômico. Existe um esforço para isso?

Eu sempre falo que o meu desafio é fazer uma obrinha, desse tamanhinho, limpinha, com poucos detalhes e todos bem elaborados. Acho que são fases. Essas últimas produções já começaram a perder um pouco o volume, as informações estão bem localizadas. Mas é isso, São Paulo é assim. Se eu tivesse ficado morando em Santos minha arte seria diferente. Aqui eu abro a porta da minha casa e estou na porra da Santo Amaro, esquina com a Espraiadas – um amontoado de informação, de gente se esmagando. É algo inconsciente, é aquilo que eu estou sentindo quando produzo, e eu acho que isso tem que mudar um pouco. Eu fico sempre pensando em ter uma estética mais limpa – ainda colada e rasgada, mas não como foi esse período de 2009 a 2011.

Turnê The Good Loop + Passport Art Edition

Florianópolis
Quando . 2 de novembro, a partir das 19h
Onde . Galeria COR . Rod. José Carlos Daux (SC-401), 7135 - subsolo
Quanto . só colar

Curitiba
Quando . 17 de novembro, a partir das 18h
Onde . Galeria Lúdica . Rua Inácio Lustosa, 367
Quanto . só colar

Porto Alegre
Quando . 22 de novembro, a partir das 19h
Onde . Atelier Subterrânea . Av. Independência, 745 / Subsolo
Quanto . só colar

São Paulo

Quando . 6 de dezembro, a partir das 19h
Onde . Galeria LOGO . Rua Artur de Azevedo, 401
Quanto . só colar

tags:
 sesper, garage fuzz, The Good Loop, Passport, Passport Art Edition, Vallejo Sunset

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