Gang of Four . Entretenimento / Conteúdo

Instituição do pós-punk, quarteto britânico se apresenta no Brasil e fala sobre a nova indústria cultural

POR AMAURI STAMBOROSKI JR.
publicado em 26.07.2011 13:18  | última atualização 12.09.2011 10:49

O Gang of Four na Avenida Paulista: confundindo para explicar desde 1977 POR Fernando Martins Ferreira


Com nome de dissidência maoísta e letras ecoando teoria marxista pós-moderna, o Gang of Four se tornou, de certa forma, uma instituição britânica. Uma das bandas mais influentes do pós-punk, o grupo se apresentou em maio em São Paulo, como atração principal do Cultura Inglesa Festival, no Parque da Independência. Em uma manhã fria de domingo, Andy Gill, guitarrista e fundador do quarteto ao lado do vocalista Jon King, conversou com a Soma sobre reggae, censura na BBC, indústria do entretenimento, amor e revolução.


Que tipo de música vocês estavam ouvindo na época em que o punk apareceu?


Eu e o Jon ouvíamos muito reggae quando éramos adolescentes. E também muito ska, Desmond Dekker, Bob Marley, Toots & Maytals, era algo muito importante pra gente. No meio dos anos 70 o dub apareceu, com um groove mais hipnótico, King Tubby, além de muitos toasters, como o I-Roy. Naquela época, na Grã-Bretanha, as pessoas não ouviam muito reggae, era música das comunidades de imigrantes das Índias Ocidentais. E tinha essa coisa estranha com os skinheads. Eles eram essencialmente racistas, brancos, de direita, mas amavam essa música produzida na Jamaica. Mas o adolescente padrão, que gostava de rock, não se interessava nem um pouco por reaggae, parecia algo primitivo e pouco sofisticado – nada a ver com Deep Purple. Nós também amávamos o Bob Dylan, e especialmente The Band. O que mais gostávamos na Band eram as narrativas, o senso histórico, o senso geográfico – falavam de algo específico. E também havia o jogo de vozes, uma hora o Richard Manuel estava cantando, depois o Robbie Robertson, o Levon Helm. Isso aparece bastante no Gang of Four – o Jon é um personagem e eu sou outro, às vezes somos simplesmente nós mesmos, falando em voz alta o que estamos pensando.


Nós também ouvíamos Dr. Feelgood. Fomos a um show e foi muito impressionante. Era muito mecânico, preciso, simples. É óbvio que as raízes do Dr. Feelgood eram o blues americano, que serviu de inspiração para muitos músicos na história do rock. Mas eles pareciam ver o blues com outros olhos. Você sabe de onde eles vieram? De Canvey Island, em Essex, uma ilha no estuário do Tâmisa, pra onde era trazido o petróleo usado na Grã-Bretanha. Se você for pra Londres tem que conhecer essa ilha, é uma ilhazinha fodida, as pessoas lá são estranhas. Já viu o documentário sobre o Dr. Feelgood? Chama Oil City Confidential, é um ótimo documentário, tem vários trechos da banda tocando, ótimas entrevistas. O cantor, Lee Brilleux, morreu há alguns anos, de câncer. O Wilko Johnson é um grande guitarrista, muito eficiente, no limiar da loucura. De certa forma era um tipo de pré-punk. Era um rock ‘n’ roll meio bluesy, inspirou muita gente.


E quando o punk apareceu, funcionou como inspiração ou era algo que vocês já esperavam?


Quando os Sex Pistols viraram um fenômeno eu achei ótimo, mas achava que eles não tinham nada a dizer pra mim. Eu nunca vi um show dos Pistols, não me interessava. Eu gostava do jeito como o Johnny Rotten cantava, grunhindo. Mas a coisa mais importante do punk é que ele abriu muitas portas. Você não precisava mais fazer canções pop, podia cantar sobre o que quisesse. Essa ideia foi a coisa mais importante do punk. Mas a música não me interessava, era um heavy metal tocado mais acelerado. O Clash fez algumas coisas interessantes, além de outras bandas, como as Slits e as Raincoats, que eram nossas amigas.


O que fez vocês começarem uma banda?


Eu e Jon éramos estudantes de arte, e estudantes de arte têm muito tempo livre. Nós sentávamos num apartamento jogando xadrez, enquanto eu tocava violão. Inventávamos músicas enquanto jogávamos, tomando gim – era uma única partida de xadrez, que nunca terminava (risos). As músicas eram só pela diversão, sobre pessoas que a gente conhecia, gravávamos em um gravador de fita cassete que eu tinha. Depois de um tempo começamos a levar mais a sério essas músicas, e em um determinado momento pensamos: “vamos achar um baixista e um baterista e montar uma banda”. Conhecemos um cara, o Hugo [Burnham, primeiro baterista do Gang of Four], que tinha uma bateria e disse que tinha como conseguir uma van emprestada. Nosso primeiro baixista foi um cara chamado Dave Wolfson. O primeiro show foi em maio de 77, em Leeds – a gente gravou esse show. E quando você ouve a gravação percebe que ele estava tocando demais, fazendo solo de baixo o tempo todo. No fim da fita dá pra ouvir as pessoas conversando no público: “E aquele baixista? Ele estava tocando notas demais!” (risos). Acho que ele fez mais um show com a gente, mas não se adaptou. Então a gente fez um anúncio procurando um baixista e encontramos o Dave Allen.


De que forma o Hugo Burnham e o Dave Allen contribuíram com o som que vocês queriam para o Gang of Four?


A gente foi inventando o nosso som enquanto tocava, nunca existiu um plano, um mapa. Eu amo o groove hipnótico do reggae, e sempre quis que a nossa música tivesse groove, um ritmo forte. Mas não queria ficar fumando maconha ou falando coisas nonsense sobre Deus, queria que a nossa música fosse verdadeira e relevante, sobre nós e sobre as nossas vidas. Eu tinha essa empolgação pela guitarra, pelo Dr. Feelgood, mas não queria que a música soasse como rock ‘n’ roll, nem fazer músicas com esses clichês do pop. Foi como criar uma nova linguagem para expressar a maneira como víamos as coisas. Em algumas das primeiras músicas a bateria era mais padronizada, roqueira. Eu tentava falar com o Hugo, para mudar isso. Às vezes a gente brigava, porque ele não queria mudar: “Por que eu tenho que ouvir você? Você cuida das guitarras, e eu da bateria”. E eu falava: “Não, temos que mudar. Se você mudar aquela parte no chimbau eu te pago uma cerveja”. Eu tinha que fazer de tudo. Isso é engraçado. Tem um livro horrível sobre o Gang of Four, que tem uma parte em que o Dave fala que eu criei todas as partes de bateria do Hugo, e em outra parte o Hugo fala que eu criei todas as linhas de baixo do Dave (risos).


Você falou sobre dub, que aparece muito na discografia da banda, mas tem outra coisa que também se destaca, que é essa aproximação com o funk, com a discothéque. Foi um esforço deliberado, desconstruir a disco?


De certa forma, sim. Para muita gente do punk e do pós-punk da época, disco era uma palavra horrível. Se você dissesse que gostava, ou que era legal, as pessoas achavam que você era louco. Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos é o Chic, que tinha grooves fantásticos. Mas o Chic começou depois do Gang of Four. Eu gosto da batida da disco, o 4/4, “tum-tum-tum-tum”. É irresistível. As letras podem ser bem burras, mas de um jeito esperto. Uma das nossas primeiras músicas é “At Home He Is a Tourist”, que tem essa levada disco (bate na mesa fazendo o ritmo), e o baixo tem uma linha meio disco também. A letra também fala de ir a uma discoteca à procura de alguém, com camisinhas no bolso. Isso incomodou a BBC.


Exato, tem essa história de que a BBC censurou “At Home He Is a Tourist”.


O “Top of the Pops” era o maior programa de música da TV britânica, e eles tinham uma série de regras que deveriam ser seguidas, para evitar escândalos envolvendo jabá. Então, se uma banda entrasse no top 20, eles eram obrigados a recebê-la. Eles falaram: “Ok, vocês podem participar, mas não podem usar a palavra ‘rubbers’ (camisinha, em inglês), é obsceno”. Mas hoje o que era obsceno é responsabilidade social, falar sobre camisinhas! (risos) Então regravamos e trocamos “rubbers” por “packets” (embalagens). Voltamos com a nova gravação e a BBC rejeitou de novo. “Vocês têm que usar a palavra ‘rubbish’ (porcaria) no lugar de ‘rubbers’, pra não parecer que a gente pediu pra vocês mudarem a letra”, eles explicaram. A gente respondeu: “Isso foi longe demais. Não vamos esconder o fato de que vocês fizeram a gente mudar a música”.


E “I Love a Man in Uniform” também foi banida, não?


Sim, isso aconteceu por causa da Guerra das Falkland/Malvinas, você escolhe como dizer. A gente chegou a ver o memorando interno, direcionado aos funcionários da BBC, dizendo: “Por favor, não toquem essa música. Estamos esperando relatórios de baixas de soldados para hoje à noite, e tocar essa música seria de mau tom” (risos). É engraçado, porque as pessoas na Grã-Bretanha acham que a BBC não sofre censura, acreditam que ela é neutra, só fala a verdade, conta os fatos. Acho que até pessoas de outros países acreditam nisso, e é uma puta mentira! É claro que eles não censuram como se fosse na União Soviética, mas fazem escolhas, permitem que certas coisas sejam ditas e outras não.


As letras do Gang of Four sempre foram, digamos, “diferentes”, lidando com questões políticas e mesmo com teoria marxista. O que vocês estavam lendo na época?


As ideias vinham de todos os lugares. Estávamos vendo filmes de Godard – tem aquele filme com a tela dividida e dois atores falando (Gill provavelmente se refere a Número Dois, de 1975), de onde veio “Anthrax”, em que nós também tínhamos dois vocais diferentes, um de cada lado. Estávamos lendo gente como Walter Benjamin, Althusser. O departamento de artes da nossa universidade tinha um cara novo, chamado Tim Clark, que era muito bom. Ele tinha uma nova visão em relação à crítica de arte: a pergunta não era mais “não é uma imagem bonitinha?”, ele questionava o ponto de vista social, o que a arte significava em relação às condições sociais em que foi produzida. Tínhamos também outras pessoas, como o Terry Atkinson, o pessoal do [movimento] Art & Language, com teorias de esquerda sobre a semiótica da arte. Também havia a Griselda Pollack, crítica de arte feminista. Esse era o tipo de gente que nos dava ideias.


Uma das ideias mais importantes era de que a maneira como nos comportamos é considerada “natural”, algo que vem da natureza, de Deus, “é a maneira como as coisas devem ser”. Mas é uma observação simples, quase tola, de que na verdade os humanos inventaram isso – não a natureza ou um Deus –, as regras pelas quais escolhemos viver. Se você pegasse um jornal nos anos 70 (apesar de que não seria muito diferente agora), você veria um artigo falando que seria natural para uma mulher ficar em casa, ter filhos, ou que é natural um homem ter que trabalhar. Mas tudo isso foi construído, seja por conveniência ou para os humanos controlarem uns aos outros. Isso não é necessariamente bom ou ruim, mas definitivamente não é natural. Essas conversas ideológicas aconteciam o tempo todo, entre diferentes pessoas, mas ninguém considerava que elas eram interessantes, ou mesmo apropriadas o suficiente para serem colocadas em uma música. Mas nós achávamos que eram. Tem um certo humor nas coisas do Gang of Four. Às vezes cantávamos certas coisas sabendo que estávamos indo longe demais, sendo muito teóricos, mas também querendo rir.


Apesar de faixas como “Ether” e “5:45”, Entertainment, o disco de estreia do Gang of Four, parece ter como tema principal amor, sexo e relacionamentos. Vocês estavam obcecados por isso na época?


Nós sacamos que, lançando um álbum, estávamos nos tornando parte da indústria do entretenimento, ganhando dinheiro com a venda de discos, fazendo shows. E nós estávamos interessados em como essa indústria funciona, o que ela estava vendendo. Uma das questões era: “Por que o tema principal da música pop sempre foi o amor romântico?”. E por que esse amor parece acontecer em um mundo imaginário, onde ninguém parece ter um trabalho. É como em filmes de Hollywood, as pessoas têm dinheiro por mágica, ele aparece. E as situações da música pop – garoto conhece garota, garota conhece garoto, se apaixonam, ou o amor acaba – acontecem em um mundo higienizado, sem as inconveniências embaraçosas da vida real. Uma das coisas que achávamos engraçado era falar sobre sexo de uma maneira não-romântica, de uma maneira mais pé-no-chão. Tentávamos mostrar o que as pessoas realmente pensavam sobre isso. E acho que as pessoas entenderam e gostaram muito dessa abordagem. Existe honestidade e autenticidade naquilo que estávamos fazendo e falando.


E você acredita no amor romântico?


Ah, sim, acho que sim, de alguma maneira. Acho que isso enriquece a vida. Os relacionamentos são incrivelmente importantes, senão a vida seria muito solitária, sabe? Seria uma vida muito infeliz.


Eu lembro de um artigo do Greil Marcus, publicado nos anos 80, em que ele acompanhava vocês e reproduzia alguns diálogos. Parecia que vocês estavam discutindo o tempo todo. As coisas eram assim mesmo?


A verdade é que o Jon é um cara que gosta de discutir. Ele discordaria completamente disso, mas é verdade. E o Hugo também gostava bastante de discutir. Então brigávamos o tempo todo, mesmo. Às vezes eram sobre coisas interessantes, relevantes pra nossa música, pro que queríamos com a banda. Mas muitas vezes eram desastrosamente irrelevantes, era a discussão pelo prazer da discussão. O Hugo diria (pega um sachê de açúcar na mesa): “Este açúcar custa dois centavos”. E o Jon responderia: “Não, de jeito nenhum, custa três centavos”. “Dois centavos!”. “Três centavos!”. E por aí seguia. Eles discutiam por qualquer coisa. Mas em certas ocasiões eram discussões úteis, inteligentes. O Greil passou alguns dias com a gente e com certeza viu uma boa quantidade dessas discussões. Ele dizia que nós subíamos ao palco e as discussões continuavam, era um debate – o que é uma maneira interessante de entender como a banda funcionava.


Depois de Entertainment e de Solid Gold, vocês lançaram Songs For the Free, que tem músicas mais pop, uma abordagem mais direta. Faixas como “I Love a Man in Uniform” foram uma tentativa mais consciente de tentar entrar nas paradas?


Estávamos seguindo as mesmas ideias, os mesmos temas. Em “I Love a Man in Uniform”, a bateria é muito importante. Eu compus essa bateria sozinho, parte por parte, e mostrei pro Hugo. Pensei que, se fôssemos tratar a disco como algo “irônico”, eu queria fazer direito, não de um jeito meia-boca. E ali por 82 nós já estávamos muito mais acostumados na hora de trabalhar no estúdio, sabíamos muito mais como fazer a coisa andar. O som do Entertainment tem essa crueza simples porque não sabíamos mexer com estúdio. Pros outros discos nós ficamos ouvindo álbuns de outros artistas e dizendo: “Nossa, essa bateria está incrível. Temos que ter uma bateria assim no nosso disco”.


E aí você começou a sua carreira de produtor. Na sua lista de bandas produzidas um nome que se destaca é o Red Hot Chili Peppers, você produziu o primeiro disco deles. O que fez por eles como produtor?


Foi bem simples. Eles adoravam o Gang of Four, e queriam que eu trouxesse algumas coisas do som do Gang of Four pra música deles. Eles faziam duas coisas diferentes na época: tinham esse groove funky, com algumas coisas meio hip-hop, mas o lance principal era um surf punk super acelerado, músicas de dois minutos, meio trash, que eu achava uma merda. A minha influência foi fazer que eles tocassem mais um tipo de música e não o outro, ajudei a definir o que se tornaria a marca registrada, a assinatura deles.


Depois do hiato do Gang of Four, vocês voltaram em 1991 com Mall, que é um disco completamente diferente do que vocês vinham fazendo. “Cadillac”, o primeiro single, tinha todas aquelas guitarras, solos, wah-wahs. Por que essa mudança de direção?


Eu estava meio que experimentando. Aquele som é gigante, cheio de coisas, mas não é realmente o meu tipo de som. Poderia ser um disco do Jeff Beck, mas não é meu. “Cadillac” é uma música fantástica, a letra é brilhante. Nós estamos fazendo uma nova versão dela, vamos gravar.


É um tipo de música que me lembra algumas coisas do rock alternativo americano da época. Você estava ouvindo Jane’s Addiction?


Não, mas estávamos ligados em Nirvana, procurando um novo som. Naquele disco também tem uma versão fantástica de “Soul Rebel”, que também não era nada Gang of Four. O disco tinha uma certa autoindulgência, estávamos fazendo isso para nós mesmos. Jon estava cantando muito bem, eu estava pirando na produção. Era divertido mas não era o Gang of Four, era apenas nós nos divertindo no estúdio.


Uma série de bandas novas tentou emular o som de vocês nos anos 00. Foi isso que fez vocês voltarem com a formação original?


Em 2000, 2001, comecei a receber telefonemas de pessoas falando que a gente deveria voltar com o Gang of Four. O Dave Allen e o Hugo Burnham também mandavam e-mails dos EUA falando sobre voltarmos a tocar. Eu estava produzindo outras bandas na época, mencionei a ideia ao meu empresário e ele respondeu, animado: “Sim, sim, a gente tem que fazer isso”. Ele comprou as passagens de avião e fez tudo acontecer. Eu acho que o fato é que havia muita gente falando do Gang of Four na época, e muitos grupos novos pareciam o Gang of Four da época do Entertainment – todos sabem de que bandas estamos falando.


Bloc Party, Rapture...


Futureheads, Franz Ferdinand... Acho que isso aumentou a pressão por essa volta.


Vocês acabaram gravando o Return the Gift. Por que regravar essas faixas dos discos anteriores em um ambiente “ao vivo”?


Em 2004, com todos na mesma sala de ensaio, nós tocamos essas músicas e pensamos: “Nossa, não é que ficou bom?”. Chegamos à conclusão de que deveríamos mostrar as músicas com o mesmo poder que elas tinham ao vivo. Porque o Entertainment tem esse som seco, que não era o que a gente fazia ao vivo.


E os remixes, como vocês escolheram quem ia fazer cada música?


Qualquer um que se interessasse em fazer um remix do Gang of Four poderia fazê-lo. Foi interessante, porque eu não me envolvi em nenhum grau, e o meu remix favorito acabou chegando tarde demais para entrar no disco. Foi um remix do Tortoise para “Paralyzed”, que acabou como lado B da versão em vinil do single Second Life, de 2008.


O nome do novo disco, Content, foi uma provocação com essa nova “economia do conteúdo”?


De certa forma é como o Entertainment, quando estávamos entrando na indústria do entretenimento. Hoje fazemos parte da indústria de provedores de conteúdo – assim como você, todos somos provedores de conteúdo –, que ajuda a vender celulares, gadgets. Esse é o nome do jogo agora. É a mesma ideia.


Algum fã ficou bravo com a inclusão de “Natural’s Not in It” no comercial do Kinect, nova plataforma do Xbox?


Algumas pessoas realmente ficaram bravas. Hoje em dia ninguém mais compra discos, então é mais difícil ganhar dinheiro, se sustentar. Você faz shows, é claro, mas também quer que a sua música entre em trilhas de filmes e comerciais, é um bom jeito de fazer dinheiro. Se você me perguntasse há um ano qual seria a situação mais bacana para uma música do Gang of Four ser usada, eu teria dito: “Em um comercial do Xbox na TV, no mundo inteiro”. O primeiro verso da música é “the problem of the leisure/ What do you do for pleasure?” (o problema do lazer/ O que você faz por prazer?), e ela está em um comercial de videogame! Não poderia ser mais perfeito.


Você já acreditou em algum tipo de revolução? Ainda acredita?


Acho que existem tipos diferentes de revoluções. As que têm efeitos reais, duradouros e profundos são aquelas que demoram muito para acontecer, acontecem bem devagar. Elas se concentram em vencer debates, não em tomar o poder. Esses debates podem levar muito tempo para se desenvolver, e a história segue mudando. É o tipo revolução que tem o efeito mais profundo. Essas revoluções acontecendo no Norte da África e no Oriente Médio, por exemplo: a vida das pessoas por lá pode ou não mudar, espero que mude. Esse é um outro tipo de revolução, que acontece durante meses, e não por anos e anos.


A situação econômica da Europa pode mudar as coisas por lá também?


Acho que isso vai forçar as pessoas a pensarem mais do que antes, em coisas que elas nunca pensaram. São tempos interessantes, bem interessantes.


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