Daddy G, do Massive Attack, já havia falado sobre seu interesse profundo pelo dubstep – em 2009, o músico afirmou que o gênero é uma das coisas mais incríveis feitas atualmente, com artistas inventivos como Burial e Kode9. Sua palavra não foi em vão – três anos depois dessa declaração, o Massive Attack lança sua primeira colaboração com o Burial, o single Four Walls/Paradise Circus.
O segundo álbum do Burial, o hoje clássico Untrue, foi um divisor de águas no gênero - o lançamento foi um dos reponsáveis pelo início da explosão do dubstep no mainstream, que hoje tem representantes mais pop como o Magnetic Man (formado por Benga, Skream e Artwork), Rusko e até mesmo o auto-tunado, melancólico e queridinho da cena indie James Blake. A importância que Untrue teve na cena é similar a Blue Lines, do Massive Attack, que com sua mistura de breaks, dub, rap, reggae e soul ajudou a cunhar o termo trip-hop, ao lado de grupos como Portishead e o músico Tricky.
A união desses dois artistas, portanto, é natural, e suas sonoridades aqui se misturam de maneira quase orgânica – o som pressurizado, sinistro e altamente claustrofóbico do dubstep do Burial invadindo o som espacial e o soul intenso do Massive Attack. A primeira faixa do single, "Four Walls", reúne todos estes elementos em 12 minutos de viagem sonora, que intercala tensão, vocais doces, batidas quebradas e momentos exultantes. É como se o elemento do sonho evocado em Heligoland, álbum mais recente do Massive Attack, fosse invadido pelo sub-grave do Burial de maneira viral, infestando todas as estruturas musicais e criando um resultado em constante mutação.
O single também traz uma nova versão de "Paradise Circus", uma das principais faixas de Heligoland, cantada pela vocalista do Mazzy Star Hope Sandoval.