Henrick Fuentes . O Rick voltou!

Ex-Consequência e ex-Simples, rapper volta às rimas com EP solo

POR DANIEL TAMENPI
publicado em 20.07.2011 15:35  | última atualização 12.09.2011 10:42

Henrick Fuentes lança o EP 'Meu Dito, Meu Feito' POR Fernando Martins Ferreira

Henrick Fuentes surgiu no cenário acompanhando Kamau, Sagat e DJ Ajamu no Consequência, clássico grupo da cena underground do rap paulistano na virada dos 90/00. Apareceu mais intensamente alguns anos depois no elogiado grupo Simples, também ao lado de Kamau e mais uma rapa responsa. Andava sumido desde então, mas agora reapareceu cheio de vontade e disposição no EP Meu Dito, Meu Feito, falando em Agora é alto e bom som: “O Rick voltou!”. Em um papo descontraído com a Soma, Fuentes nos conta um pouco mais sobre seu retorno e projetos futuros. 


Você surgiu na cena com o Consequência e depois, mais autoral, no Simples. Por que o sumiço depois disso?


Depois do nosso último show no Indie Hip-Hop com o De La Soul (em 2006), eu dei uma afastada das rimas. Casei com uma mina do Sul e mudei pra lá. Fiquei uns dois anos trabalhando com outras coisas. Voltei no finzinho de 2008, mas só comecei a escrever de novo em 2010, por pilha de amigos como o Ogi e o Renan Samam.


E aí já caiu dentro desse EP? Como foi o processo?


Voltei aos poucos... Fiz uns shows acompanhando o Kamau e, numa dessas apresentações, o Renan Samam veio falar que eu tinha que voltar a fazer uns sons, que gostava do meu trampo e que iria me ajudar dando uns beats. Colei na casa dele e separei vários beats. O disco todo seria com produções dele, mas acabei usando só três, porque foi entrando outra galera. O Kamau me apresentou o Casp, e ele me mandou o beat de “Flagra”, que depois juntou com “Chave de Cadeia” e a história começou a se desenrolar. O Cabes tinha feito um remix pra mim, e entrou com “Família”. O Dario tinha feito um beat foda pro Ogi, que acabou não usando. Eu já tinha uma ideia em cima e por aí foi. Eu já estava escrevendo algumas partes do som, mas ainda não tinha os refrões. Fui desenvolvendo isso junto com o Ogi e chamamos o Jeffe pra fazer a parte melódica.


Os singles “Flagra” e “Chave de Cadeia” são as músicas que iniciaram a história, né? Uma complementa a outra e a história é bem louca. Esse B.O. é real ou é ficção?


É ficção... A história de “Flagra” é baseada numa fita de um camarada meu, mas eu mudei alguns detalhes. “Chave de Cadeia” é em um beat pesado do Renan que eu queria usar, mas não sabia como. Então veio essa ideia da continuação, que eu bati pro Ogi participar e ele pilhou. Aí rolou. Escrevemos tudo na hora e gravamos. Em breve vem o clipe dela. Aguardem!


Metade das músicas do álbum fala sobre mulheres e relacionamentos, umas mais malandras e outras até de dor de cotovelo. Acabou se tornando uma característica forte desse trabalho, né?


Eu só fui pensar nisso depois. Fui escrevendo as músicas sem pensar muito na anterior e quando juntei percebi que quatro delas tinham essa temática envolvida, mas, ao mesmo tempo, eram diferentes uma da outra. “Pega a Fila”, do DJ Soares, nem ia entrar por isso. Já tinha “Flagra” e “Chave de Cadeia” batendo nessa tecla. Mas quem ouvia pirava, então resolvi colocar. E acabou que a única música de amor mesmo, “Cacos”, nem é de amor, é de corno (risos).


A faixa “Juízo Final” tem uma parada meio apocalíptica. É a sua visão do fim do mundo dentro de um sonho?


Eu não sei se tinha assistido alguma coisa antes, mas nessa noite acordei assustadão. Não lembro também o teor da cachaça do dia (risos), mas tinha sonhado que tava num pico tipo jogo de RPG, sabe? Estava sozinho na city, olhava pro céu, tudo vermelho, chovia fogo, uma parada muito sinistra. Acordei e escrevi umas quatro linhas em cima de um beat do Renan e deixei quieto. Quando ouvi o beat do Dario um tempo depois, veio a inspiração, uma parada mais anos 80, aí veio a ideia de experimentar um auto-tune no refrão (risos)


Era um outro tópico aqui: por que o auto-tune no refrão?


A gente não sabe mixar, né? Estávamos no Ogi gravando as duas partes e faltava o refrão. Eu tava com aquele som “Shout” do Tears For Fears na cabeça e resolvi fazer o refrão usando a mesma melodia. O Ogi começou a brincar com o tune em cima e eu achei louco. Falei pra deixar, ficar com uma cara meio Kanye West (risos).


A música “Crânios e Ossos” é baseada na ideia dos Illuminati. Fala um pouco sobre isso.


Comecei a ver uns documentários sobre os Illuminati, e o beat do Caíque é uma parada bem medieval, então inspirou. Mas não queria falar desse assunto diretamente, como se tivesse lendo alguma coisa, sabe? Quis dar uma incrementada e juntei a coisa romana, pão e circo, como se César fosse da Ordem Illuminati e eu estivesse dentro de um Coliseu apresentando os gladiadores.


O Ogi participa bastante do álbum, e vocês são grandes amigos. Vem algum trampo em parceria futuramente?


Com certeza! Já tá rolando! Na casa dele tem vários sons nossos gravados. Tem quase um EP pronto, já. Vai chamar Os Sem Classe (risos). Vai ter beat do Renan também, do Soares, o Jamés Ventura tá participando nas rimas.


Depois desse EP você já está pensando no álbum? Como estão seus projetos futuros?


Sim. O EP foi mais pra voltar à cena mesmo. Estar no palco, fazer shows. O álbum vai ser uma coisa mais pensada. Vou me dedicar a isso a partir de agora. Já tem uns sons meio prontos, e a ideia é dar sequência pra depois do disco do Ogi, que já está saindo. Vai ter ideias semelhantes: uma capa bacana, histórias, roteiros com início, meio e fim. Uma coisa mais séria, com alguns sons pra pista seguindo uma linha mais moderna na onda de Pac Div, Wiz Khalifa, Cool Kids, mas com uns raps pesadões também.


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