Entre os inúmeros problemas da segurança pública do estado de São Paulo, um dado ao mesmo tempo estranho e alarmante é a série lenta de assassinatos não solucionados de MCs de funk na Baixada Santista. O fenômeno é claro e consistente - desde abril de 2010, quatro MCs e um DJ foram mortos (outro escapou, com sorte). Os homicídios são cercados de mistério. Os artistas não pareciam ter inimigos, e as cenas dos crimes contavam com poucas pistas e testemunhas – ou quando contavam, como no caso da morte do MC Careca, ninguém queria falar.
Apesar disso, os casos não ganharam tanta atenção da imprensa. O Farofafá tenta acompanhar os desdobramentos, com todas as dificuldades de se fazer jornalismo independente no Brasil, e o Fantástico, da TV Globo, conseguiu fazer uma boa reportagem sobre a situação após a morte do MC Careca
Ainda assim, uma das melhores reportagens sobre o assunto foi publicada pela revista alemã Intro, que enviou para São Paulo a repórter Astrid Kusser para investigar o que acontece em relação à violência urbana no estado. O resultado é um panorama amplo, uma introdução à situação atual da (in)segurança pública para quem não acompanha o assunto de perto.
Kusser conversa com as Mães de Maio, que tentam solucionar os crimes cometidos em maio de 2006 pela polícia paulista em retaliação aos ataques do PCC, visita um ex-policial, entrevista Vinícius, jovem morador da Zona Leste da capital e integrante do movimento Funk Pede Paz, explica sem afetação o panorama da cidade. A Caros Amigos, que traz uma série de reportagens neste mês sobre grupos de extermínio e a violência da PM em São Paulo, traduziu o texto de Astrid na íntegra. para ler.