Essas chuvas de inverno atrapalharam todo mundo, e mesmo sabendo que você foi avisado, pode ter perdido a chance de ver a exposição O Ser, Como Meta, de Bruno Kurru, apresentada até o fim de semana passado na Zipper Galeria em São Paulo. Por isso mesmo resolvemos publicar esse papo de Kurru com nosso estreante repórter de arte Pedro Moreira, junto com a galeria de imagens da expo clicada pelo nosso homeboy Fernando Martins Ferreira.
Kurru, de 28 anos é nativo de São Bernardo do Campo, onde morou até 2007. Na entrevista ele falou um pouco sobre a intenção de sua obra, de suas pesquisas pessoais e de como sua forma de pensar e ver o mundo influencia a sua produção. Ele nos explica um pouco do seu processo criativo e como suas múltiplas referências e trabalhos anteriores culminaram nas obras que compõe a exposição.
Você pode falar um pouco sobre o nome da exposição? Qual é o nome e por que você escolheu ele?
O nome é sempre uma questão porque, em qualquer situação, você dá um nome e é difícil, porque você rotula. Eu prefiro que os meus trabalhos permaneçam num lugar flutuante do entendimento, mais próximo do sentir do que do entender. Então o nome era uma questão pra mim justamente por causa disso, teria que ter um nome, mas um nome que ficasse num lugar flutuante. Muitas vezes, no meu trabalho, no determinado momento que eu crio, que eu imagino, ele tem um significado. Ao fazer ele vai criando outros, depois tem outros, muitas vezes eu não lembro qual era o inicial. Mas o nome da exposição, O Ser, Como Meta, eu escrevi estava meio à noite, depois de trabalhar. Eu estava escrevendo um monte de nomes que eu achava, só que nenhum eu sentia que era O nome. Do nada, sem referência nenhuma me veio esse nome, e era justamente o nome que eu gostava por não ter muito sentido, ele diz algo, quando você lê você imagina que ele tá dizendo algo, mas ao mesmo tempo ele fica num lugar que não é de entender. A palavra “ser” tem muitos significados, pode ser o Ser no sentido do verbo, de ser humano, uma pessoa.
Tem o sentido ontológico.
Sim... Pode ser o ser de uma atitude, de você ser mesmo. E a minha concepção era um ser, mas junto. Eu acho que o nome se constrói, mas de acordo com os trabalhos que estão ali ele faz mais sentido. O conteúdo dessa exposição junto com o ser, esse ser que está presente nesse nome, seria o Ser sensível, o Ser sutil talvez... Eu não sou muito bom com as palavras, eu fico em conflito com elas, porque cria um lugar que eu fico meio incomodado. Conforme eu vou construindo a frase eu penso “mas não é bem isso”. Eu acho que a forma que eu tenho de olhar os trabalhos é muito assim, meu entender como eu falei no começo, tá muito relacionado com esse sentido. Então me interessa mais esse tipo de leitura.
Eu notei, pelo menos pra mim, é um sentir um pouco mais intelectual, não necessariamente racional, mas mais cerebral, do que um sentir físico por exemplo. Porque se você vê aquelas figuras elas estão em alguma situação de conflito, ou lendo um livro ou pegando referência de outra coisa ou perdido nas camadas, nos layers de Photoshop mesmo. Então não me parecia um sentido muito tátil, parecia uma coisa mais cerebral.
Eu concordo, mas na questão que muitas vezes o sensitivo é muitas vezes superficial. Uma analogia que eu posso fazer, que venho percebendo na arte contemporânea por exemplo, é a questão do interativo. Muitas vezes o interativo não pressupõe que seja reflexivo. Então para mim é uma questão a ser explorada nesse sentido de que existem artes super de vanguarda, ditas contemporâneas, que têm muito essa questão da interatividade, mas não geram reflexão nenhuma. Então muitas vezes a pessoa toca, sente frio, encosta em algo, tem essa relação sensível bem latente, mas não entra nesse campo reflexivo.
Nós somos questionados por perguntas do tipo “você deseja aceitar isso?”, “você quer realmente fazer isso?”, e vi que daria pra usar esses elementos, esse tipo de questionamento que nós temos na internet, para questões pessoais
Reflexivo do próprio artista?
Não, do próprio observador, porque quando se diz interativo as pessoas passam a dar um valor um pouco maior pensando na preocupação do artista com o público. Só que a meu ver isso não necessariamente acontece, porque muitas vezes é interativo mas não tem uma intenção de criar uma reflexão. É interativo, sensorial e o fim é justamente isso. No meu caso como você falou, tem essa coisa “intelectual”, essa coisa que passa pela parte mental, cerebral... Mas com um final sensitivo, com o objetivo de criar algum tipo de sensação, o fim não é a reflexão pela reflexão, o fim é gerar uma reflexão que passa por essa questão cerebral, mas que gera uma sensação.
Você é uma pessoa religiosa? Tem alguma ligação espiritual com o seu trabalho?
A palavra religião eu não costumo usar porque é uma palavra já muito desgastada, mas eu estudo bastante filosofia mística. Tenho bastante contato com isso, uma porcentagem grande das minhas leituras e estudos é vinculada com isso. Mas não necessariamente os trabalhos, porque uma coisa é o que eu estudo, o que eu busco, e outra coisa é o que eu tento desenvolver e passar para as pessoas. Eu acho que tem uma conexão muito forte mas...
Mas não é literal?
É, exatamente. Não é uma ilustração de algo nessa linha.
E da onde veio essa coisa de você trabalhar com essa meta-linguagem de colocar, por exemplo, camadas de software de edição de imagem no meio das pinturas. Quando começou isso no seu trabalho?
A questão das camadas e diferentes planos dentro do trabalho eu já vinha trabalhando há um tempo. Me interessava muito essa possibilidade. Ficou muito presente em 2007. Eu sou de São Bernardo, em 2007 eu fui morar no centro de São Paulo, no Copan, e a minha janela dava para um monte de prédios, era uma vista legal. Porque era uma parte do prédio que não tem prédio na frente e eu via...
Camadas.
Exatamente. E isso eu fui percebendo ao longo do tempo, como o meu desenho mudou muito de antes de eu morar no centro e depois de eu morar no centro. Começaram a aparecer bem mais retas e planos, e eu fui vendo como isso era a forma que eu vivia ali. Tanto na janela quanto ao andar na rua. Você não tem o horizonte, é tudo fatiado. E isso influenciou muito nessa época o meu trabalho, inclusive já tinha muito essa presença de plano separado por linhas retas. E quando eu percebi isso vi que existia uma potência aí, no sentido de um caminho para eu poder desenvolver a narrativa do trabalho, o conteúdo. Porque tem muitas possibilidades, eu crio uma situação, atrás eu posso criar outra que fala da mesma coisa ou que não necessariamente da mesma, mas que complementa. E isso gera um lugar que me interessa muito na questão do observador, que sai dessa coisa do “entendi” e dilata o tempo de observação. Porque você entende uma situação, mas lá atrás tá dizendo outra, e você começa a prestar atenção na outra. Esse é um ponto onde essa história começou, e no começo do ano passado eu fiz um trabalho com a minha esposa, a Marília Coelho, um edital da Funarte que nós pegamos para produção de conteúdo pra internet. A ideia era misturar as nossas duas linguagens, eu trabalhando com elementos visuais, artes plásticas, e ela com dança e performance. Fiquei seis meses mergulhado nesse trabalho, não sei se você chegou a ver, é o
Não, não cheguei a ver. Tá no ar?
Tá sim, porque a ideia é irmos sempre colocando mais coisa, foi selecionado no FILE também. E eu fiquei seis meses trabalhando nesse site, imerso nessa linguagem, na linguagem da web, e no próprio site tem isso. Uma seta, um cursor de computador, que não é o seu cursor, é um cursor que está como imagem. Pra criar esse tipo de interação. Isso me contaminou muito. Quando eu voltei para o meu trabalho autoral eu já estava completamente tomado, já tinha muito disso. Então essas camadas elas começaram a ter essa relação de...
Os trabalhos encomendados que mais me influenciaram, que eu mais carreguei alguma experiência deles, foram os trabalhos que deram errado
Como a camada do layer do Photoshop?
Exatamente, com o layer de Photoshop, janelas de computador. Uma coisa que eu comecei a perceber também, que a gente passa muito tempo diante do computador hoje em dia, isso é uma coisa bem presente no mundo contemporâneo. E eu comecei a reparar que constantemente nós somos solicitados, questionados, no computador, no software, ou navegando em algum site. Nós somos questionados por perguntas do tipo “você deseja aceitar isso?”, “você quer realmente fazer isso?”, e vi que daria pra usar esses elementos, esse tipo de questionamento que nós temos na internet, para questões pessoais, e isso agregaria muito na forma que eu estava trabalhando. Então com as camadas, com uma figura, e junto com isso eu coloco um elemento desses fazendo esse tipo de pergunta. Gera essa reflexão que me interessa.
Você consegue me dizer algumas referências interessantes que você tenha no seu trabalho de pintura? Eu vi alguma relação com pintura metafísica, com o começo do surrealismo talvez, mas eu acho que é muito mais formal do que de conteúdo essa relação. Quando eu vi aquelas camadas de Photoshop pintadas e a metalinguagem da janela de computador pintada, eu achei que pudesse ser uma crítica. Mas quando eu vi no contexto da sua obra eu não achei uma coisa negativa necessariamente. Eu achei que pudesse ser uma critica negativa ao trabalho de design que você é obrigado a fazer enquanto gostaria de fazer outras coisas, mas não tive certeza, tem alguma relação?
A ideia também é essa, que o trabalho sempre extrapole a ideia que eu coloco nele. O trabalho é isso, não pode se subjugar à uma coisa que é o que eu imagino e projeto e outra coisa que é o que eu executo de fato. A ideia é que a execução do trabalho final.
Você não tem uma concepção formal do que seu trabalho seria no final?
Em pouquíssimos trabalhos eu tive um projeto e quis executar isso precisamente. Tem uma coisa que eu já refleti bastante, da época que eu fazia trabalhos mais relacionados à ilustração ou design. Os trabalhos encomendados que mais me influenciaram, que eu mais carreguei alguma experiência deles, eram os trabalhos que deram errado. Que muitas vezes tiveram alterações e eu tive que defender o porquê daquilo e a pessoa que estava contratando apontou o que ela não gostou. Eu vejo que esses trabalhos foram os que mais me influenciaram e os que mais me deram experiência mesmo, então talvez isso possa ser uma coisa que esteja presente. Já o que você falou da influência dos surrealistas, já ouvi isso outras vezes, percebo isso no meu trabalho, só que eu nunca me interessei muito em pesquisar o surrealismo dos pintores. Uma por não me inspirar muito e outra também por sentir que de forma inconsciente talvez eu tenha essa referência e não queira me influenciar tanto assim. Mas eu acho que para mim Manoel de Barros é um poeta surrealista que dá para usar como exemplo, e eu gosto muito, leio bastante.
Eu não conheço ele, é português?
Manoel de Barros? É brasileiro.
É que sei que tem uma vertente forte surrealista portuguesa que é bem interessante.
Não sei se ele se auto intitula surrealista nem sei se ele é considerado surrealista, mas para mim é um exemplo forte de surrealismo. Só estou falando isso para dizer que para essa exposição, tiveram dois, vou dizer três artistas que me influenciaram muito, não sei dizer se está muito presente para quem observa. Foram três, quatro pensadores que eu estava me inspirando muito e estudando muito durante a produção do trabalho. Um é o Manoel de Barros, que faz um tempo que eu venho lendo e gosto muito. Outro é Carlos Drummond de Andrade que eu gosto muito, inclusive na exposição tem uma frase que é um fragmento de um poema dele...
Não achei...
Que é a única frase que está escrita na parede “Desconfio que escrevi um poema” que é a ultima frase de um poema dele que chama O Sobrevivente. Os dois mais presentes foram o Esculpir o Tempo do Andrei Tarkovski, cineasta. Eu vejo que lendo esse livro me ajudou muito na construção dos trabalhos, me inspirou muito a forma como ele lidava com filme, que ele não se apegava tanto nem aos detalhes superficiais nem a esse lugar de entendimento instantâneo do observador que é essa coisa de Hollywood, de superprodução, mas ele se interessava muito pelo clima que se criava nas cenas e pelo que isso criava de sensação no observador. Ele fala de um cinema especificamente, mas de uma forma que dá pra você encaixar em qualquer expressão artística. Então no meu processo isso ajudou muito a ver o trabalho de pintura ou a construção dos trabalhos, tem a preocupação narrativa que é o que me move a construir, mas a minha preocupação pensando no observador era principalmente na criação desse ambiente. Que o trabalho se fechasse como um lugar, e isso vem do Thoureau. Um filosofo que foi famoso, inspirou muitos movimentos, o movimento hippie é baseado nele, ele escreveu Desobediência Civil. O livro que me inspirou muito, que eu ainda estou lendo, é o Walden.
A sociedade busca isso, é uma sociedade completamente pautada na ciência, nas universidades, são sistemas que buscam essa metodologia da comprovação, do “entendi”, do intelecto
Você falou que a montagem da exposição foi feita para criar este ambiente. Mas as pinturas foram feitas para isso e também para funcionarem sozinhas, fora do contexto da exposição?
Eu vejo três campos dentro disso. Umas sim, funcionam sozinhas, outras não, porque elas juntas são uma coisa, e tem uma terceira fatia que eu vejo é que cada etapa, cada exposição, cada trabalho que eu faço. Eu só vejo como um pedaço de um todo que eu desejo construir ao longo da minha trajetória. Então a cada momento eu vejo como a minha ideia, mais do que construir o trabalho que seja super aceito, mas sim construir um pensamento. Eu acho que isso é o que está mais presente na minha relação com o trabalho, construir a minha fala, junto com o trabalho, junto com uma publicação. Tudo isso são fatias de um todo. A minha ideia é que isso possa ter um corpo.
Um corpo de obra que seja coerente mesmo com suas incoerências e paradoxos internos?
Sim, eu acho até que essas incoerências e paradoxos fazem parte do entendimento. Porque eu acho que o tema, o assunto central que eu estou tentando desenvolver e inspirar as pessoas a sentir, e até eu mesmo mergulhar nisso, é justamente nesse campo. Da incoerência eu não diria, mas esse campo do não entender, talvez. Porque as coisas hoje em dia estão tanto nesse lugar do “eu entendi” e o “entendi” é tão fugaz, é tão superficial.
Eu não confio muito quando alguém diz “entendi”.
Exatamente. E a sociedade busca isso, é uma sociedade completamente pautada na ciência, nas universidades, são sistemas que buscam essa metodologia da comprovação, do “entendi”, do intelecto. Só que também junta com aquela pergunta que você fez se eu pratico uma religião. Eu venho, eu pesquiso, eu estudo nesse lugar metafísico, nesse lugar de você entender, mas não necessariamente você tem que ver pra entender ou comprovar. Você aceitar e compreender por merecimento por algo que você recebeu e não algo que você captou. Então eu vejo que tem um vão nesses lugares, de situação, que de certa forma eu tento trazer no trabalho. No fundo a minha intenção mesmo é que ele tenha um significado para cada pessoa e esse significado vai ser correspondente ao conteúdo que a pessoa já carrega com ela ou questões que ela vem buscando desenvolver. Que ele seja só um caminho, uma diretriz, uma porta para que ela possa entender por ela mesma.
Ela não viu uma pintura, ela não viu uma escultura, ela não viu um vídeo, ela viu um lugar
E até como você diz, não interessa se seja visual ou não, ou outro tipo de pensamento da pessoa. Você pega referência de outras áreas, literatura por exemplo, para fazer o seu trabalho. Eu acho interessante essa troca, que você pega uma arte visual e usa algum pensamento que você teve daquilo para outra arte.
No dia da abertura da exposição teve uma moça que veio conversar comigo, falando que o trabalho de certa forma mexeu com ela. Eu gostei muito disso, ela fez questão de vir conversar comigo. E uma coisa que era muito recorrente que ela falava, que ela sentia, que ela via na exposição, uma expressão que ela usou muitas vezes na conversa foi “um lugar”. Falava muito disso “você está me apresentando um lugar” ou “eu vejo um lugar” e eu gostei muito porque, de certa forma eu já sentia uma vontade de apresentar isso mais do que uma vontade de apresentar um trabalho. Apresentar um lugar. Mas eu não tinha dado esse nome. Então gostei muito quando alguém veio com esse retorno. Ela não viu uma pintura, ela não viu uma escultura, ela não viu um vídeo, ela viu um lugar. Acho que entra disso que você está falando, como as linguagens se misturam hoje em dia mais do que nunca até.
As figuras nas suas pinturas elas não tem o rosto aparente. E numa delas tem uma critica direta ao ego, pelo menos eu vi assim. O que você está tentando passar com isso, você não pretende pintar uma figura reconhecível? Qual é a sua relação com a identidade da figura nessa exposição?
Isso foi se construindo ao longo do desenvolvimento da exposição. Eu fui percebendo essa questão do rosto, e tiveram muitos trabalhos que partiram de fragmentos de escritos que eu tinha pego em leituras. E o que eu vejo de uma forma bem clara é que o rosto, a expressão facial, os elementos que compõem o rosto, podem servir como uma metáfora sobre aquilo que eu disse sobre o entender. Quando há a figura do rosto ele é muito expressivo, mas ele é um expressivo muito direto. A parte expressiva das pessoas retratadas nos trabalhos eu tentei desenvolver muito pelas mãos. Muitos dos personagens tem a expressão, o gesto deles, está representado pelas mãos. Outra coisa que eu acho que está dentro do trabalho de forma bem clara é que dentro da sociedade atual a gente costuma ver o corpo de uma forma muito grosseira, a gente lida com o corpo de uma forma muito grosseira, a gente no máximo sabe que temos tecidos e pele e ossos e órgãos, mas dentro da medicina ayurveda, que eu estudo, você disseca esse corpo em muitos fragmentos. Tem desde elementos sutis, que passam pela mente, pela inteligência, pelo ego, até dentro do corpo mesmo, da parte material do corpo, fragmentos do tecido de aparatos de órgãos. Depois você tem sub-elementos como fogo, água, ar e éter. Eu não me lembro como eu cheguei nisso...
Você tava falando da expressão através de gestos e não da expressão facial.
A parte material do corpo é vista de fatias frontais na medicina ayurveda. A cabeça, o olho, o nariz, eles estão todos numa mesma região. E essa região expressa uma determinada situação. A mão se você abre os braços ela está na mesma região do coração. Então ela é um instrumento, um signo que expressa muito enquanto extensão do coração. Como elemento expressivo dentro da linguagem visual eu acho muito mais interessante do que o rosto. Justamente porque ela fica nesse lugar. Já o trabalho do ego, eu não sei nem se é uma crítica.
Eu também fiquei em dúvida.
Na verdade eu jogo a questão para que a pessoa reflita sobre isso, se é uma crítica ou não. Porque estudando também eu percebi que o ego sempre vai existir. Na verdade o termo correto seria o falso ego. O falso ego é essa concepção do eu que a gente carrega. Eu sou o corpo, isso é meu, eu sou proprietário disso. Só que como todos os trabalhos que estão na exposição, dentro de um mesmo trabalho, dentro de uma mesma pintura, existem vários assuntos sendo desenvolvidos ali. Então nesse trabalho tem esse elemento que está em um plano principal, essa coisa do ego, mas existem outras camadas dentro do trabalho que saem um pouco disso e que geram esse lugar de reflexão. Que aí a pessoa vai ver se é bom, se não é, se é uma crítica, se não é.
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