Em pleno 13 de maio a polícia de Belo Horizonte teve as manhas de recolher o Emicida após um show gratuito do rapper no Palco Hip Hop, evento no distrito do Barreiro. A acusação? “Desacato”, devido à letra de “Dedo na Ferida”.
Crítica a ações policiais recentes contra movimentos sociais de luta por moradia – como o vergonhoso caso do Pinheirinho, em São José dos Campos – a letra da faixa retrata uma “terra onde bebês respiram gás lacrimogênio” e conclama no refrão, dedos em riste: “fodam-se vocês, fodam-se suas leis”.
UPDATE: A equipe do Emicida fez um no site oficial do rapper, mostrando o Boletim de Ocorrência da polícia (com uma declaração falsa, distorcendo as palavras do Emicida) e publicando um vídeo da apresentação original, que vocês podem ver abaixo.
Segundo relatos no twitter, Emicida teria citado o despejo dos moradores da ocupação Eliana Silva, localizada no Barreiro, que aconteceu nesta sexta-feira (11). A desocupação foi pedida pela prefeitura de Belo Horizonte, que afirma ter a posse do terreno.
, Emicida anunciou a treta: “Fui preso por desacato a autoridade após o show em BH por causa da música dedo na ferida.”. Postando a foto que abre este post, o protesta: “A situação real no país é essa mesmo. #DedoNaferida cada um luta com as armas que tem, e isso incomoda de verdade”.
Às 22h40 Emicida anunciou que havia sido liberado pela polícia. As tags #DedoNaFerida e #LiberdadeEmicida estavam entre as mais comentadas no Twitter na noite deste domingo.
Está longe de ser a primeira vez que a polícia brasileira reprime rappers em pleno palco por achar que suas letras configurariam “desacato”, mostrando que “liberdade de expressão” é um conceito ainda frágil no país. Para ficar apenas em um exemplo, a situação não parece tão diferente do caso da prisão do MRN e dos Racionais MCs no festival em comemoração aos 300 anos de Zumbi realizado em 1994 no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Confira aqui um vídeo da confusão em 94 e compare.